Boy de Quinta Ep. 1: Bonitinho, mas ordinário – Uma crônica de Nariel Iatskiu
“O Boy de Quinta é meu novo projeto – pessoal e transferível, já que a ideia é ser e dar a voz para tantas outras mulheres que já foram vítimas das histórias mais absurdas desses meninos em pele de homens.
Mas, espera! A ideia é contar minhas histórias e as histórias dessas outras mulheres com muito humor. Afinal, eu escolhi dar risada das coisas ruins que me acontecem e quero ter a oportunidade de compartilhar isso com vocês”.
Nariel Iatskiu é nascida em São José dos Quatro Marcos – MT, veio para Cuiabá aos 5 anos de idade. Aos 11 foi convidada por uma amiga a participar de uma oficina de teatro no antigo Sesc Porto, foi sem saber que a partir daquele dia a arte passaria a guiar suas escolhas.
Em 2006, formou-se em Comunicação Social com habilitação em Radialismo pela UFMT em 2006. De 2018 a 2020 voltou a academia, dessa vez o curso foi Tecnologia em Teatro, com ênfase em Direção.
Experimentou ser atriz, iluminadora e se firmou como produtora, atuando na produção publicitária da capital, bem como na realização de eventos como o Festival de Cinema de Cuiabá e a Festa Literária da Chapada dos Guimarães entre outros. Há mais de 6 anos atua como editora na TV Assembleia de Cuiabá, onde teve a oportunidade de trabalhar com jornalismo e a edição de documentários, que tem sido sua maior ocupação no momento.
Paralelo ao trabalho na TV, desenvolve seu mais novo projeto pessoal e totalmente transferível, o Boy de Quinta. A Live acontece todas as quintas-feiras, às 21 horas, em sua página do Instagram, @narieliatskiu. E, obviamente, também as quintas-feiras, antes da live, uma crônica contada durante o programa poderá ser lida aqui na Ruído Manifesto.
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BONITINHO, MAS ORDINÁRIO
Um belo dia eu saí do trabalho e fui buscar meu filho na escola, e vi um rapaz bonitinho chegando de carro no mesmo horário que eu, ele me viu e sorriu. Sorri de volta, mas fui pegar meu filho, e ele ficou por ali na rua, perto de um espetinho, conversando com um pessoal que estava sempre na esquina.
Na semana seguinte, ele estava lá novamente, mais duas ou três vezes… Eu comecei a pensar que estava rolando um interesse. Mas fiquei na minha… E, assim, passou um mês…
Aí eu pensei, gente não tô entendendo. Esse cara deve ser um psicopata. Só pode… E assim foi… já no terceiro mês de olhares e sorrisos, cansei. Anotei meu telefone num papel e entreguei pra ele.
Presta atenção, que esse foi meu primeiro equívoco! O rapaz, em três meses, não teve a capacidade de me dar o telefone dele, ou de pedir o meu… óbvio que eu não ia flertar com ele na frente da escola do meu filho. Mas podia ter deixado um cartão na minha porta… totalmente sem proatividade. E eu ainda me prestei a esse papel. Trouxa!
Mas, enfim, cheguei em casa já tinha umas mensagens dele se apresentando e tal. Aí mais uns dias se passaram, a gente foi conversando e toda a enrolação desses três meses pra pegar meu telefone, foi se transformando em afobação no WhatsApp. O cara queria me comer, digo, me ver de qualquer jeito. A conversa não engatou, mas ele tava louco pra engatar.
E esse foi meu segundo equívoco, todos os elementos de que era um boy de quinta, que não valia a pena, e eu tava ali, insistindo, tentando tirar leite de pedra…
Até que um dia aceitei tomar uma cerveja com ele. A tonta aqui foi, e chegando lá, o imbecil avisou que estava com um amigo no barzinho pra onde ele tinha me convidado… E a tonta achando que era um date… toda cheirosa… otária! Mas pelo menos o amigo dele sabia conversar, porque ele era muito idiota e bolsominion ainda.
Ainda assim, a otária aqui, estava insistindo… Vendo a merda toda, mas quer seguir os impulsos sexuais ao invés da intuição. Bem-feito!
Aí ele, que estava de carona com o amigo, veio comigo e fomos pro segundo tempo. A gente mal se beijou, e o boy, que demorou três meses pra conseguir meu telefone, queria tirar minha roupa em três segundos. Mais um sinal de que devia sair correndo.
E gente, há pessoas que encostam em nós e já queremos tirar a roupa em três segundos. Mas não era isso. Mas, enfim, já estava ali, estava numa seca das brabas… vamos aproveitar o que tem, né!
E agora, todas as confirmações, de todos os sinais que eu não quis ler!
Quando a gente foi pro finalmente, o boy era miojo!
Deu três bombadas, sabe? Três minutos, gozou acabou!?
E eu iludida, achando que ele ia partir pra segunda, que nada…
Vestiu a roupa e foi embora. Era só o golpe da fast-foda e eu, otária, caí.
O cara demorou três meses pra pedir meu telefone, por uma fast-foda!
Detalhe, a comida não estava boa. Todo um investimento. Depilação, calcinha de renda, perfume importado, pra quê? Pra jantar um miojo.
Vocês não acreditam se eu disser que ele veio conversar comigo no outro dia, dizendo que tinha sido uma delícia! Aí eu fiz questão de dizer pra ele, educadamente, que não tinha sido legal. Aí veio aquela velha desculpa de Boy de Quinta, é que você é muito gostosa…
Para vocês não dizerem que eu sou uma pessoa que julga assim na primeira trepada… resolvi dar uma segunda chance… Depois de mais uns três meses dele jurando que ia me beijar todinha, que ia me pegar a noite toda e bla, blá blá… dei mais uma chance pro miojo. Por que é que a gente faz isso? Por quê??? Já sabia que não valeria a pena…
Nessa segunda oportunidade, eu já estava sem paciência! Depois dele gozar de novo em três minutos, sem nem um oralzinho, virei pra ele e falei:
– Escuta aqui, tem três meses que você tá me enchendo o saco, dizendo que vai acabar comigo, que vais fazer isso e aquilo, pra fazer eu perder meu tempo com isso? Veste a sua roupa e some da minha frente.
Dica do dia, quem fica prometendo, não faz!
Na mesma hora que eu tranquei a porta, eu o bloqueei e exclui de tudo, pra nunca mais cair nesse golpe. Tipo de balde que eu chutei e não recomendo que ninguém busque.