Cinco poemas de Anderson Danyell
Anderson Danyell tem 36 anos, é Técnico em Assuntos Educacionais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e possui especialização em Gestão Administrativa na Educação. É graduado em Ciências, com habilitação em Biologia, pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Teologia pelo Centro Universitário Claretiano (CEUCLAR). Apaixonado pela literatura, resolveu lançar-se no mercado editorial e publicar o seu primeiro livro de poemas, intitulado: Elementos Poéticos para o dia a dia, que está em fase final de produção. Publicou o poema “Nós por nós mesmos” no Tyrannus Melancholicus, site especializado em literatura, do imortal da Academia Mato-grossense de Letras, Lorenzo Falcão.
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Entre os dedos
Entre seus dedos
Ouso lamentar
A raça humana
A terra plana.
Entre seus dedos
Quero gritar
Contra a injustiça
Toda a cobiça
Que dela emana.
Entre meus medos
Vou-me retratar
Dos preconceitos
Antes aceitos
No meu falar.
Entre meus dedos
Sem que me esqueça
Minha cabeça
Vou reclinar:
Fechar meus olhos
Com a esperança
Que não descansa
De me seguir.
Entre esses dedos
Quero sentir
O seu afeto
Jeito correto
De consolar.
Entre nossos dedos
Comemorar
O desejo vivo
De contemplar
A posse dos dedos
O fim dos medos
Das injustiças
Dos preconceitos.
E ao final de tudo
Ver chegar
Paz verdadeira
Que de jeito maneira
Há de acabar.
*
Nós por nós mesmos
Mesmo inibidos
Poderíamos ser
Réstias de nós.
Unidos
Fortalecidos
Aquecidos
Amados
Acarinhados
Com idêntica voz
Na conjuntura atroz.
O futuro chegando
Dois seres caminhando
Sem rumo, a sós.
Envelhecendo
Pele cedendo
Boca crescendo
Feito albatroz.
Vegetando
Existindo
Escapulindo
A saúde e a
Voz.
Um pouco mais tarde
Momentos após
Sentiremos na carne
Discurso espinhoso
Mirando idoso.
*
Mistérios da vida
Nascer e ser bajulado
Crescer e ser rebaixado
Aprender e ser reprovado
Pensar e ser censurado
Trabalhar e ficar endividado
Casar e se ver separado
Ter filhos e não ser amparado
Envelhecer e ser ignorado
Morrer e ser canonizado.
*
Acidente na Beira (Moçambique)
Estava tudo normal
Ninguém imaginava…
Mas no final da tarde
Com pouco alarde
No litoral
O vento soprou
O poste quebrou
A casa desmoronou
A árvore caiu
A alegria sumiu
A imprensa fingiu que viu
O pobre sofreu
A água correu…
…Destruiu
…Consumiu!
Os corpos boiaram
Mal noticiaram
A dor do pobre
Um humano tão nobre
Quanto outro qualquer.
Talvez ainda sobre
Oportunidade se tiver
Em meio à dor
E ao desamor,
De o pobre usar o talher…
*
Os tempos
Tempos passados.
Ventos parados.
Casos encerrados.
Heróis deitados
Sonhos abortados.
Escravos maltratados
Esquifes tampados
Sepulcros fechados.
Tempos presentes.
Seres viventes.
Estrelas cadentes.
Pedidos vigentes.
Esmaltes nos dentes.
Pensamentos salientes.
Desejos quentes.
Sonhos pungentes
Beijos estridentes.
Esposas contentes.
Tempos futuros
Espaços inseguros.
Frutos não maduros.
Alvos sem furos.
Desejos escritos nos muros.
Sonhos Obscuros.