Cinco poemas de Andri Carvão
Andri Carvão cursou artes plásticas na Escola de Arte Fego Camargo em Taubaté, na Fundação das Artes de São Caetano do Sul e na EPA – Escola Panamericana de Arte [SP]. Graduando em Letras pela Universidade de São Paulo, o autor possui publicações nas revistas online Labirinto Literário, Libertinagem, Gueto, Aluvião, Originais Reprovados, foi colunista do site Educa2 e participou das antologias: Gengibre – Diálogos para o Coração das Putas e dos Homens Mortos e Embaçadíssima – Antologia Tirada de uma Notícia de Jornal (ambas pela Editora Appaloosa). Publicou Polifemo em Lilipute e outros contos (também pela Editora Appaloosa), O Poeta e a Cidade (Editora Gueto), Puizya Pop & Outros Bagaços no Abismo, organizou o livro coletivo Marielle’s (ambos pela Scenarium) e Um Sol Para Cada Montanha (Editora Chiado).
Os últimos quatro poemas compõem o livro Um Sol Para Cada Montanha.
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Um povo que não enterra os seus mortos vive remoendo o passado.
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Um
povo
que
não
enterra
os
seus
mortos
vive
sendo
assombrado.
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Um povo que não enterra os seus mortos,
vive?
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O espelho é o oposto
do meu rosto.
O espelho
é o oposto de mim.
O espelho é o oposto de tudo.
O corvo
é o reflexo
da pomba
no espelho.
*
O tédio do interior
ou o tédio da cidade?
O tédio é interior
no campo ou na cidade.
O tédio é solidão.
O tédio é multidão.
*
vira e
volta
volta
e vira
revolta
vira
e volta
volta e
vira
reviravolta
*
ao devaneio
mera
quimera
doce ilusão
no ponto final do arco-íris
sem pote de ouro nem anão