Cinco poemas de Henrique Souza
“Meu nome é Henrique Souza, sou formado em Filosofia e mestre também em filosofia. Me descrever é difícil, pois seria preciso um impulso, uma explosão. Acho que meus poemas são assim. É uma das formas de me conhecer. Ademais, sou poeta amador.”
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Musa
Oh! Musa – canto de passarinho
Em tarde ensolarada e fresca –
Estou deitado na grama onde a sombra acaricia minha pele
Oh! Musa, vejo que vem vindo
Descalça andando pela grama
Tu andas como a gente
Teus pés sujam como o nosso
Oh! Musa, tu sabes bem disso
E sorrindo não se importa
Se senta ao meu lado e sem cerimônia
Acaricia meus cabelos bagunçados pelo vento
Oh! Musa, eu poderia ficar aqui a vida toda
Escutando a sua voz que me acalma
Mas tu sabes que não haveria nada de especial
Em nosso encontro deitados na grama
Onde o silêncio fala e só o coração entende.
*
Um pequeno instante de amor
Aceito, austero, perder você
Sem nenhum pingo de esperança
Na fatalidade de viver
Ainda sigo contigo nas caminhadas.
Subo e escalo montanhas
Construídas pelas minhas paranoias
E as pequenas pedras que caem –
Não queria te magoar.
Agora respiro fundo
Lutando para que minhas mãos parem de tremer
Passa, sempre passa
O que tem que ficar é a lembrança de seus olhos
Isso basta, não basta?
A sua risada, a sua pele, o seu corpo
Que prazer foi tê-los
A um pequeno instante de amor.
*
Devagar
Ao me encontrar de novo, por favor,
Venha lentamente como um samba triste
Para que eu possa me acostumar com sua presença
Para que eu não enlouqueça na sua ausência.
*
Dance
Dance meu amor
Sorria e voe
O tempo e o espaço
São reféns de ti
Eu de longe observando
Também sorrio e voo
O tempo e o espaço
São insignificantes
Diante do meu amor.
Cante meu amor
Porque em suas mãos
Estão todos os reis
Caídos pela sua voz
E assustados enxergam
Pela primeira vez
A própria insignificância
E há inveja e tentação
De roubar você de mim.
*
Sinta-me
Meu bem, veja os nossos demônios no espelho
São parecidos no sorriso e na dor
Ambos pesados como pena ao ar
Como um olhar distante de quem sofre
E minha balança está tão quebrada
Que tende sempre ao cinza da cidade
Por isso, por favor, não me venha com falsas cores
Pintar falsos desenhos de uma realidade que não existe
Eu sei de cor o seu rosto, seu sorriso, suas dores
Mas você não me vê a não ser em névoas
E, então, em névoas vou desaparecer.