Cinco poemas de Johann Peer
Johann Peer é ativista e produtor cultural, Diretor da APACESP (Associação de Produtores e Agentes Culturais do Estado de São Paulo), músico, compositor, poeta, escritor e colaborador da pauta “Arte Em Cena” pela Revista Encenação do RJ sob a Direção da Artista Iolanda Brazão.
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Casa Torta
A mesa posta
Sem resposta
Um lar sem alma
A casa torta
A cama é quente
O riso é frio
Indiferente
Amor servil
São fantasmas
Que nos vestem
De loucas fantasias
À procura da saída
Da escuridão
Escuridão
Escuridão
Prisioneiros do abismo
Solidão
Repletas de vazio
Estranha multidão
*
Mirage
Respondas por ti
Não respondas por mim
Porque não estás
Nem nunca estarás
Comigo aqui
(Muito ao contrário)
Exceto, no imaginário
Te guardarás
Dentro de mim
Tentes fingir
Que sou mero disfarce
Uma estranha paisagem
Que não está mais aqui
Incuti na sua mente
A mais bela miragem
Holográfica imagem
Les youx sans visage
De labirintos e falsos espelhos que criei para si
Remota e magicamente
Submergi
E da sua frente
Entre mil dejavús
Desapareci
*
Reverso do avesso
Não tenho História
Que sem memória
Não tem mais fim
Sou mentira tão verdadeira
Sou o reverso do avesso
Um descontexto
Sou o futuro
Perdido em mim
Que não tem chão
Neste porto sem cais
Nos meus delírios sem “ais”
Arte que se liquefaz
Neste pronto discurso
De uma dança sem par
Sou o nó não desatado
Projeto desabortado
De uma vida sem lar
***
Gritos do Silêncio
É violenta e cruel
A dor que trago em mim
Deixou marcas em meu corpo
É o preço pago
Pelo progresso nocivo
Em troca da nossa liberdade
A nossa falsa liberdade
A nossa falsa liberdade
O vento corta o meu rosto
Silencia suspeito aos gritos
Que ecoam na cidade
O vento corta o meu rosto
Silencia suspeito aos gritos
Que ecoam na cidade
Porque
É só a fúria que se desenha
Nas palavras
É só a noite
Cujo o desejo se retrata
E voa alto rumo aos céus sem asas
E voa alto rumo aos céus sem asas
É como a droga
Que entorpece os nossos sonhos
Entrega-nos a vida
À escuridão
Turva-nos a voz
E cala o nosso próprio mundo
Não há chance de voltar mais o perdão
Não há chance de voltar mais o perdão
Que sobrevoam os quatro
Cantos da cidade
Me violentam me jogam
Aos pés dessa cidade
Cujo grito ecoa
Nos quatro cantos da cidade
É como a droga que entorpece
Os nossos sonhos
Entrega-nos a vida a escuridão
Turva-nos a voz
E cala o nosso próprio mundo
Não há chance
De voltar mais o perdão
*
Poesia do Submundo
Moramos em um país
Somos vistos como marginais
Derrotados pelo conflito entre o trabalho
E os donos dos capitais
Não sabemos nossos nomes
Se vivemos ou se morremos
De fome ou de doença
Por crime ou violência
Moramos em um país
Onde nós somos culpados
De rasgarmos o futuro
Pros nossos filhos abortados
Massacrados pelos homens
Que estão cegos de poder
Não sabemos como vamos
Sobreviver
Há tantas injustiças que convêm
A nos partir
O nosso ego é ilimitado
Não sabemos como definir
Neste país de marginais
Marginais corrompidos
Pelo dinheiro sujo de sangue
Drogas ou homicídio
Essa música é para aqueles
Que não se deixam conduzir
De carregar nas costas
O castigo do passado
E se destruir
Pelas garras do poder
Das cegueiras da ilusão
Que se presta a julgar a Humanidade
Ou tal país pelo crime de omissão!
Johann peer
Me sinto eternamente grato e lisongeado pelo espaço concedido nas páginas do “ruído manifesto”,através da escritora e autora divanize carboniere.longa vida ao “ruído manifesto”divulgando e mostrando talentos literários de norte a sul e leste e oeste do brasil a serviço da cultura e arte de qualidade.