Cinco poemas de Lucas Luiz
Lucas Luiz. Nasceu em Guararema no ano de 1991. Continua em pé, embora carregue a sequela da invisibilidade. Iniciou publicando crônicas no Jornal D’Guararema e depois poemas no site de variedades Guararema Tem. Redator do programa Guararema Online da Produz Áudio&Vídeo. Recentemente colaborou com as Revistas Literárias: Avessa, Inversos, LiteraLivre, Ser Esta, Bibliofilia Cotidiana, A Bacana, Philos, Ruído Manifesto, Subversa e Mallarmargens. Também com uma participação na Antologia Além do céu, além da terra da Editora Chiado. Segue sem exceder os limites do município. Ou já o fez sem que ninguém perceba.
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ECLODIR
Por algum tempo equivoquei-me
crendo ser imprescindível
habitar apenas as palavras
para fortificar o verso.
Esquecendo-me, porém,
o verbo germina-se;
é o próprio ser.
Para o poema basta a falta
– eterno algo porvir.
*
FLAGELO
um dia éramos três amigos
entre versinhos de amores-impossíveis
crendo compor poemas
(os outros desistiram a tempo)
nenhum dos três encarou
o poema por dentro
somente eu ainda tento
eles escreviam com outras metas
finalidades
essa ofensa ao poema: utilidade
*
EU-LÍRICO
alguns anos buscando bukowskar
poemas sem sucesso
dito pelo não dito no papel
qual valor do verso-repetido?
do verso-escondido? do verso não-lido?
embrionário simbolista
embrionário beat embrionário underground
– será o eu o outro quando escrevo?
dizem o poeta o poeta só pode ser…
*
POEMA
O que sei de mim permanece insuficiente
de ser sibilado em palavras.
Bem mais alcancei por sua beleza,
quando vagueando as veredas
dessas verdades pude esparramar
os meus olhos além – noutros.
*
O MIÚDO MUNDO DAS IDEIAS
I.
Aprender os fusos do próprio silêncio
até tornar-se capaz de calçar os sentidos,
calafetado o caos deixar escapar
pelos poros a paz do não-tempo
– cansado de morrer todos os dias.
II.
Estrangeiro pelos céus do bairro
de minha origem como
pássaro com asas aparadas
de nenhuma elegância.
Que vale conhecer assovios, notas,
partituras se não encontro espelho
por essas nuvens?
– desde cedo fere-me essa
alegria em migalhas.
III.
Pequeno já cruzava um mar verde
sobre esferas. A terra vista: dois tijolos.
Depois armado – paredes, bolinhas,
tampas de garrafas, piruetas,
partia para heroicas epopeias
com a imaginação arada.
Ivy Menon
Nossa! maravilhosos! Parabéns!