Cinco poemas de Matheus Guilherme Antunes
Matheus Guilherme Antunes tem 20 anos, é cuiabano e, desde que conheceu a poesia, não conseguiu mais se separar dela, aceitando sua condição e tomando a decisão de viver em sua companhia. Tem formação como técnico em química pelo IFMT Campus Cuiabá – Bela Vista, por meio do qual teve a oportunidade de ser bolsista do projeto de extensão Banco de Leitura e realizar diversas apresentações artísticas pelo grupo Ocupação Poética. Atualmente, é graduando em Letras Português e Francês pela UFMT, onde é participante do projeto de extensão Viva Poesia e um dos idealizadores do sarau artístico do Instituto de Linguagens, atual projeto de extensão SarArt – Entre Línguas e Letras, do qual faz parte da Comissão Organizadora.
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Vanglorificado
Entre a cruz e a espada
O sangue se alastra
Enquanto erguem cortinas de vidro
Corpos são empilhados
Estes se vestem para a última ocasião
O terno de pau é menos formal que o de concreto
Entre os números e as palavras
O silêncio é quem dita
Em alto e bom som
A gravata condecorada
Com estrelas da bandeira
Contam os mortos dos obituários
Na alvorada a boca que braveja
Dá uma cusparada pro alto.
No crepúsculo
A sede
Cede à fome
E a flor cálida
Na calada da noite
Bebe do cálice
Outrora guardado
Em algum paletó
Vanglorificado.
*
Beco
Sombras
Acendem uma luz vermelha
Que prende como correntes
Um dia sonhos viveram ali
Naqueles corpos ébrios
Hoje as veias
Não pulsam à vontade
Fura a agulha
Impiedosa
Dose
E agora
O sol não renova
Nem brilha os olhos
O tempo do amanhã
Já foi vencido
E os milagres
Vendidos
Em vinte vezes no cartão de crédito
*
Cuia de barro
Onde moro é uma cumbuca
Que não enche nunca
Pois chove pouco
E quando chove
É chuva ácida
O sol incansável
Esquenta a água parada
Cortiço de mosquito
Que pica a pele salgada
E a sudorese descompassada
Faz o suor cair na terra
Terra seca
Sedenta
Seca os olhos e a boca
Só se alimenta
De agrotóxico.
*
Caroço de pequi
Rói
A fina pele amarelada
Amadeirada
Gosto agudo
Que amacia a língua
E o dente duro
Rói sem ruído
Rói a boca com fome
Até ficar dolorida
O desenho sem esboço
É o espinho
Saindo do caroço
Tutano de pequi.
*
Ditado
De grão em grão
O prato empalidece
De grão em grão
A fauna se extingue
A flora murcha
Escurece
O rio complacente
Vai embora
Sem tempo para voltas
De grão em grão
O bolso enche
E a terra esvazia
Os estômagos atrofiam
E outros estouram
De grão em grão
Não restará nada
O tostão de hoje
Não compra o amanhã
Eliane das neves moura
Quero parabenizar o eScritor matheus guilherme pela PUBLICAÇÃO dos poemas .
👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
Maurileide
Quero dar os parabéns ao escritor Matheus Guilherme Antunes, suas poesias são inspiração, publique mais…
Mário Paulo
Parabéns Matheus Guilherme Antunes pela publicação
Leide Lopes
Parabéns Matheus Guilherme Antunes,seja grande!