Cinco poemas de Patrícia Cacau
Patrícia Cacau nasceu em Natal-RN, em 1/9/65, com vivência em Fortaleza-CE e Linz-Áustria. Empreendedora social. Escreve desde a adolescência. Sua escrita se fortaleceu nas oficinas de escrita terapêutica da Central de Escritores (Fortaleza Ceará) e com o coletivo Mulherio das Letras Europa, com participação em algumas coletâneas e antologias no Brasil e Europa. Seu primeiro livro individual será lançado em novembro de 2019 no Brasil. Sua escrita brota das inquietações da alma humana e das vivências do cotidiano. Para ela, “escrever é como respirar através do papel”.
***
Mulheres Somos
Somos o ventre do mundo,
O buraco negro dos homens,
O mistério da criação habita em nós.
Guardamos o segredo de Deus.
A magia da vida .
Temos o poder de gerar vários seres e cada um com suas particularidades.
Temos mais poder que ousamos suspeitar.
Nos diferenciamos pelo pensamento.
Anos luz em intuição instintiva nata como uma felina fareja.
No Faro fino.
Sentimos no ar, o aroma da atmosfera ao nosso redor.
A fina flor da essência de um Deus único que se reproduz através de nós.
Gerando semi-deuses que habitam nesse universo chamado terra.
Somos Mulheres!
A máquina da criação!
E ainda criamos poesia para alegrar nossos dias.
E quando nos sobra tempo somos apenas Mulheres!
*
Olhos
Olhos me viram
Olhos me olham
Olhos em cima
embaixo
de lado
atravessados
desconfiados
me veem
te vejo
Percebo os teus
olhos que me abraçam
E viajei no
abraço
dos teus olhos.
*
Portas
Portas me encantam ,
me desafiam,
Portas tuas, portas minhas.
Portas que se fizeram adiante.
Portas criadas por mim,
Portas grandes,
Enormes portas tão ao longe.
Portas pequenas,
Minúsculas portas pareciam mais janelas que abriam um tantinho.
Mas vistas gigantescas.
Portas de entrada olhando para o por vir.
Portas de saída cheia de saudades , levando na bagagem um pouco de tudo que vivi.
No entra e sai de tantas portas, levando e deixando pedaços de mim.
tenho sempre cuidado em guardar as chaves .
Levo comigo o zelo para nunca perder o direito de ir e vir, procurando ser sempre bem-vinda
Se necessário for partir.
*
Reencontro
Pedi mais uma garrafa de vinho,
Agora pode ser qualquer rótulo,safra, estado ou país.
Um tira-gosto?
Não, não tira nada.
Acrescenta.
Aprofunda.
O tato.
O papo.
O fato.
E o adeus!
*
Aquele beijo
Aquele beijo
apertou a minha face
como quem deseja
abraçar com a boca.
Como quem quer sufocar
uma saudade.
Como quem com fome
abocanha um amor.
Senti o macio da sua boca
Entorpeço.
O seu perfume me condena
A mente vasculha o passado.
E a razão diz com saudade
não se brinca.