Cinco poemas de Rejane Aquino
Rejane Aquino. Especialista em estudos linguísticos e literários (UCAM). Pós-graduanda em Produção de mídias para educação online (UFBA). Graduada em letras vernáculas (UEFS). Diretora de comunicação da Associação Confraria Feminina de Poesia e Artes. Membro colaboradora da ONG Versos de Mulher. Integrante do Mulherio das Letras- Bahia e do grupo “O sarau’’. Única vencedora na Bahia do prêmio SFX de literatura (2017).
Integra as seguintes antologias: Mulherio das Letras-Bahia: Outras Carolinas (Editora Penalux,2017), O Sarau (Mondrongo, 2017), II Concurso de poesia Prêmio Gastão Guimarães (Fundação Egberto Costa, 2016), Prosa e Verso, organizada por Luis Pimentel (Oficina de criação literária – 9ª Feira do Livro – Festival Literário e Cultural de Feira de Santana-BA – 2016), Confraria Poética Feminina: além da estampa, organizado por Ana Carolina Cruz de Souza (2017), Agenda Poética da Confraria Poética Feminina, organizada por Palmira Heine, Semeando Verso – Antologia de Novos Autores brasileiros (Academia Nacional de Poesia, 2017), II Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea, Além do céu, além da Terra (Editora Chiado).
***
Pugna
Eu não me dobro
à ganância de um poema,
talvez um dia,
no descompasso das horas,
eu ou ele fracasse.
*
Rasuras
Corpo exposto,
Fluido rubro,
Versos rasgados no tempo,
Grito transpassado
na memória.
… Tuas mãos no apalpe,
Gozo,
O giro das horas tortas,
Sangue correndo por dentro,
Pousada sem nexo,
Versos sem documento,
Tempo fértil,
Germinação.
Antes de tudo,
Minhas entranhas expostas
lançadas na (in)certeza do acaso.
*
Moinho
São tantos abismos que me cavalgam
que nem eu mesma sei
onde me derramo.
*
Múltiplos
Com a boca te faço amor,
Com a boca te inundo de amor,
Com a boca descortino o (uni)verso,
Com a boca te mostro a vida.
E com a boca, te assassino.
*
In-lustre presença
Hoje te avistei plácido,
Na violência do teu ninho.
Ontem, a violência
Sentada na casa do vizinho,
Nos saudou.
Lhe abraçamos com sussurros
Rubros.
Hoje, a violência trouxe as malas
E pousou em nossa casa.
Amanhã, face a face nos habitará…
E seguimos calados e adormecidos
Para o mais profundo abismo.