Cinco poemas de Sabrina Dalbelo
Sabrina Dalbelo é natural de Porto Alegre, reside em Bento Gonçalves desde 2008, é servidora do Ministério Público Federal e vive a poesia tanto quanto respira. Desde a adolescência fez amizade com a escrita, mas passou a registrar suas palavras nas páginas do Facebook Se Tem Nome Existe e Pensamento Sem Moldura, em 2013.
Colaboradora do blog As Contistas, já participou de diversos projetos antológicos e é autora dos livros de poesia Baseado em Pessoas Reais (Poesias Escolhidas, 2017) e Lente de Aumento para Coisas Grandes (Penalux, 2018).
Inspira-se nas mais variadas coisas, notadamente as grandes, e gosta de inventar verbetes e se utilizar das dualidades e dos paradoxos.
Acredita que uma pequena palavra pode carregar um conteúdo imenso.
Escreve de forma simples, como acredita que a vida deve ser.
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etiquetas high society
está frio
os casacos só aquecem cabides
no armário
está frio
as etiquetas intactas descansam
penduradas
de gola rolê
está frio
as etiquetas fazem pose
não se preocupam
com o caimento
*
sobre envelhecer
o cansaço da pele
não deita de conchinha
em lençóis de seda
e sem calcinhas
com as almas duras
pele odeia sexo casual
gosta de coisas para sempre
*
coitado
deus rezou pra mim
muito
ele acreditou que eu voltaria
um dia
e eu já tinha ressuscitado
plebeu sem asas
pouco anjo
santo mal-amado
*
verbete
não é costura
não é orquestra
poema nato
é palavra aberta à broca
sem polimento
*
não parece mas
há caridade
em doar saudade
a um coração vazio