Cinco poemas de Victor Barone
Victor Barone é autor de Outros Sentidos (Mara Calvis, 2009) e Poemas de Amor e Fúria (Mara Calvis, 2019). Publica desde muito cedo na rede, tendo participado de iniciativas poéticas digitais como o blog Poema Dia, entre outras. Graduado em Jornalismo (UCDB), mestre em Comunicação (UFMS), é carioca de nascimento, mas vive em Campo Grande (MS) desde 2000.
Outros Sentidos: https://issuu.com/victorluizbaronejunior/docs/outros_sentidos
Poemas de Amor e Fúria: https://issuu.com/victorluizbaronejunior/docs/poemas_de_amor_e_f_ria
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Cai a pétala
cara a mim.
Rodopia no ar
criando nuances
e cores
de pétala que vai.
É rubra
enquanto cai
a pétala
que boiando no ar
tornar-se-á exangue.
Como dói ao olhar
o frenético sangrar
da flor voante.
Como sarar em meu corpo
o perene partir desta cor…?
*
Houve tempo em que céu
se abria em nesgas de luz
a vazar retinas negras adentro
Fechadas agora
retinas fachadas
se movem em mim
Houve dias em que fel
escorria de nuvens
a inundar minha boca sedenta
Calada agora
a boca travada
se enche de ti
*
É quase maio
E meus dias se esparramam
Repletos de um gosto de sal
Semeados de pássaros
É quase maio
E o amor se entorta em mim
Como cavalo Guernica
Rabisco traçado em tela
É quase maio
E tua boca de rosas
Exala silêncio
*
Quando perder o juízo
Morderei teu lábio inferior
Como quem beija uma pétala
Te direi poemas secretos
Todo o verbo já dito
E uma flor
Quando o juízo se for
*
A multidão em mim
Observa o arrebol
Em minha boca
Mil vozes
Em sol se derramam em ti.
A multidão em mim
Deságua furor
Que tua língua
Ávida de vida
Desconstrói em sons
A multidão em mim
Uiva sob teu silêncio