Dois poemas de Bruno Candéas
Bruno Candéas é poeta e compositor nordestino, sua obra é composta pelos livros Poeta nu na alcova (2002), Filé 1,99 (2003, parceria com o poeta Malungo), A Trégua dos ditadores (cordel – 2004), Férias do gueto (2004), Indigestual (2006), Teatrauma (2018) e Poema desgovernado (2018, parceria com o poeta moçambicano Sanjo Muchanga).
***
INDIGESTUAL
MEDO: temidas são as verdades que perturbam.
ESCURIDÃO: a luz se revolta para dentro.
VIGÍLIA: o sono é velado por um anjo devasso.
NÔMADE: em cada povoado, a semente de sua perversão.
VATICANO: batinas estendidas na torre da luxúria.
PACTO: agora em duas vezes no hipercard.
ESPELHO: a face viciosa que outros contemplam.
ALTAR: o grande trabalho está posto.
*
COM A JANELA ABERTA
a vida é mais bonita
no meio da pista
meus grandes planos
estão queimando
meus bons amigos
foragidos
a vida é mais completa
com a janela aberta
meus voos insanos
estão pousando
meus bons ruídos
constrangidos