Dois poemas de Dario Silva
Dario Magalhães Sucupira Barradas Lima e Silva (Brasília – DF, 15 de dezembro de 1992) é poeta e habita a cidade de Braxília. Nasceu entre os pilotis e o verde da 308 Sul. Prestou vestibular para Geografia, na Universidade de Brasília, qual obteve aprovação. Todavia, abandonou o curso no 2º período, para dedicar-se à profusão poética.
Os dois poemas integram a obra Fabrício (Patuá – 2018), seu primeiro livro de poesia.
Site: Dario Silva – poesia
Instagram: @silvadario.silvadario/
***
Renúncia
Negarei tua prece, Eitor, porque amo
E me quero que tu te desfaleças
Do meu – não! Rogar mais preces
Mas que da busca de benesses
D’amor mundano esmoreças
Negarei tua prece, Eitor, porque amo
Mia vista à tua é perdimento
Que moço algum demoraria
Soubesse q’amor eu alento
Amasio nosso ultimaria
Negarei tua prece, Eitor, porque amo
Q’amar que sei tu não entendes
Maior, me sei, que amor conheço
Tua prece e outra – não descendes
Amor que sei, teu é avesso
Negarei tua prece, Eitor, porque amo
Teu querer por mim to nego
É maior mi amor a ti, à completude
Pois amo-te além-ego
Negado a ti, amor que tenho, virtude
Negarei tua prece, Eitor, porque amo
E não convém o amor, que sei
Amar-te como queres
Que o meu negado to dei
Tal sim não há malqueres.
Negarei tua prece, Eitor, porque amo
Vai-te, que sou-me teu, tal amigo
Caso tornares, isto me é castigo!
Que bem sabes do meu não. Se tornares,
Não há de apavorar-te perdão.
*
Da Nua Anônima
Mi caminho restou-me antiga rua
Enluarada! – Quão pracejo desta vida
De outro acaso, hora imprevenida
Protegido por travessia nua
Augusto instante, ombro alargado
Ríspido lábio, perene domado
Vício da carne, dano secreto
Enamoro enaltado discreto
Posto que logo d’amante rotura
Acanha o traquejo da via escura
Ditou-me a esperança do namorico
Mas sei que saudoso me resta do fico
Que fito dos olhos terei no outrora?
Da mão apalpada na pele do agora
Restou-me a saudade do namorico
Que sei da esperança do fico