Eclipse Solstício Presságio Ruim – Por Jp Santsil
Na coluna “Escritos do ontem, agora e amanhã”, Jp Santsil escreve contos, crônicas, poemas e relatos do cotidiano e da natureza, repletos de sensibilidade, compaixão, espiritualidade, inteligência prática, relações humanas, autoestima, cura, ativismo ecológico e educação sustentável. Os escritos que embasam essa coluna, se sustentam pelo tripé de três palavras-chaves: SABEDORIA, UNIÃO, VIVÊNCIA. A coluna é quinzenal e vai ao ar sempre às quartas-feiras.
Jp Santsil nasceu em Salvador, capital do Estado da Bahia, tendo se dedicado mais da metade de sua vida a projetos de ativismo social, educacional, cultural e ecológico com crianças e jovens em estado de risco e extrema pobreza nas favelas e comunidades carentes do Brasil e Ecuador. Atualmente vive e é cidadão do Estado de Israel, oriente médio asiático, onde se dedica a projetos ecologicamente sustentáveis, e em particular, numa mesinha de sua casa em sua espiritualidade tenta criar um mundo novo mais ou menos perfeito em sua paixão por escrita e amor a literatura.
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Eclipse Solstício Presságio Ruim
Minha Amável Lua Amante
Hoje em meu ápice momento de máxima intensidade
Neste eterno ciclo em que me entrego iluminando a Terra em plena caridade
Fertilizando os vegetais e a realização dos desejos mundanos
Em que sou venerado com danças, cortejos e rituais dos seres humanos
Ocultamente vieste repleta de Amor a me contemplar
Mesmo que para o Povo das Fadas sua presença ofuscante neste solstício dia seja um mal sinal
Acreditando que estou rejeitando suas oferendas de mel, cervejas e centeios em sacrifício ritual
Alegremente e de forte energética corrente, estou aqui a me entregar
E em tua sombra… meu puro Amor… vem minha luz apaixonadamente ocultar
Oculta-me. Ó! Meu lindo Amor
Oculta-me dos olhos alheios, porque hoje só a ti pertenço
Esfria em mim esse calor de ego intenso
Pelo menos neste curto e sagrado momento
Em que fria e escura vem me beijar
Sagrado momento de êxito resultante…
Essa é nossa maestria oculta ao entendimento humano
Que ignora nos céus o divino celestial plano
Pelo qual, de tempos em tempos
Neste misterioso e sagrado momento
Em que agora se faz aos olhos terrenos
Amorosamente no místico copular
Minha Amável Eterna Amante
Acompanho solitário todas as suas fases errantes
E justamente hoje em que atingi o meu ponto luminoso mais extraordinário
Envolvido em magias rituais e antigas tradições do coletivo mágico imaginário
Vieste lentamente encobrindo os céus e a terra com teu manto
Apavorando e preenchendo os corações dos homens de espanto
Trazendo para eles a maldição de dias inférteis
E a calamidade das forças inertes
Apenas com teu singelo presente ato
De no meu alegre e festejado aniversário
Com tua noite me presentear
É por isso, Meu Amor, que vás embora tão rapidamente?
Porque fostes rejeitadas por esses seres dementes
Em que o Sagrado Amor Celeste nada entende?
Não saia de cima de mim, assim, tão rápido!
Pois não sou eu o culpado
Desses seres terrestres desolados
Com sua presença e ato de amor se apavorar
Homens e Mulheres o porquê de tanto pavor e terror?
Se em todos os solstícios de verão vos entrego o meu iluminado fertilizante amor…
Vos peço apenas hoje que aceite nessa vossa celebração ritual minha Doce Escura Amada
E com fogueiras e tochas à Terra poça ser só hoje iluminada
E juntos o Amor Celeste possamos em festa celebrar
Não… Meu Amor!
Não te apreces a ir tão rápido embora
Pois hoje o dia demora
E, também, hoje sua fase é nova
E tua face no escuro do céu
Encoberta com o noturno véu
Apenas um contorno prateado
Em um vislumbre descortinado
Me resta a contemplar
Ó! Ignorantes seres terrestres
Olha o que comigo fizestes
Nestes círculos sagrados concêntricos
Me louvando inutilmente em seus centros
Enciumados e pavorosos por dentro
A minha Lua Amada a rejeitar
Por isso, também, vos rejeitarei
Não serei mais o seu fértil rei
E, irado vos abrasarei
Com meu calor de dor a vos queimar
Ó! Lua Amada de mim…
Esperarei novamente o contínuo retorno a ti
Para que juntos possamos ter um deslumbre do fim
No eclipse solstício de verão que pressagia na Terra dias pandêmicos ruins
Pelo simples e sagrado sexo-tântrico ato de me amar e te amar tanto assim