Entrevista com a escritora Rejane Souza – Por Vanessa Franco
Na coluna mensal “Mulheres na Literatura”, Vanessa Franco aborda entrevistas com escritoras, resenhas de livros, publicação e análise de poemas e traz novidades do mundo literário envolvido por mulheres.
Vanessa Franco é professora de teatro, atriz, palhaça e poeta paraense.
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Entrevista com a escritora Rejane Souza
Rejane Souza qual é a sua nacionalidade? Você é de qual Estado?
Eu sou brasileira. Nasci na Cidade de Nísia Floresta, Rio Grande do Norte. O munícipio fica a 40 Km da capital, Natal. E há singularidades: o nome faz tributo à filha ilustre da terra: a escritora Nísia Floresta, além disso há 6 praias, 23 lagoas e 12 rios. Uma região lacustre.
Você se reconhece como escritora? Fale um pouco da sua carreira como escritora, como aconteceu?
Sim. Na verdade, o ato de escrever surgiu em mim como processo de fruição e catarse. A atividade de escrita ocorreu quando era estudante de Letras na UFRN, em meados dos anos 80. Inspirada pelos estudos da literatura do currículo do curso, passei a ir em busca de outros escritores e escritoras para me aprofundar nos estudos literários. E passei a escrever poesias influenciada pelos movimentos gerados no âmbito universitário por amigos afins. Mas só tomei consciência de que meus escritos tinham valor literário quando uma das minhas poesias foi selecionada para compor uma coletânea editada pela Shogun Arte do RJ, em 87.
A sua escrita é voltada para algum público específico?
Escrevo ensaios, crônicas e poesias. E penso que tanto jovens quanto adultos são leitores dessas produções. Há 4 anos, estou com um texto pronto para um livro solo na área de literatura infanto-juvenil. Qualquer tempo desse, ele brota.
Como você percebeu que escrever era a sua paixão?
A minha paixão pela escrita tem raízes na oralidade, sem dúvida, minha avó e meu pai foram minhas principais influências. Na região onde passei minha infância – interior de Nísia Floresta/RN – não havia energia elétrica, fato que contribuía para alimentar a minha imaginação diante do vasto repertório das histórias, lendas e mitos que ouvia dos dois. Diante disso, sempre transcendia ao mundo mágico das histórias. Aos 12 anos de idade, quando fui morar na capital do RN – Natal – passei a frequentar a Biblioteca Pública do Estado, que ficava atrás do colégio em que estudava. E nesse período, a leitura era constante. Aos 13 anos, li os clássicos da Literatura Brasileira, como Dom Casmurro, Iracema. Não vejo linha divisória entre leitura e escrita, pois escrever antecede ao gostar de ler. É o exercício da leitura que provoca o desejo da escrita.
Você tem livros publicados?
Livro solo, não, mas tenho ensaios, poesias e crônicas publicados em vários suportes: Jornais, Revistas de Cultura, obras de cunho científicos e poesias publicadas em várias coletâneas em nível regional, nacional e Exterior. Há muita coisa já publicada. Além de um blog pessoal, que alimento há quase 20 anos, já fui colunista em jornal e blog onde também divulgava meus trabalhos na área de literatura. Atualmente, publico nos coletivos e minhas páginas no Facebook.
Além de escritora você tem outra profissão?
O ofício da escrita ocorre de forma paralela a minha profissão, pois, na verdade, o tempo que dedico ao trabalho é maior do que ao de escritora. Eu sou Graduada em Letras, com Mestrado em Literatura Comparada e um Doutorado em Literatura concluído, mas não defendido. Eu sou Professora de Língua Portuguesa e Literaturas. Atuo na área de formação docente em nível superior, assessoria na área de educação. E quando há um tempo ainda invento de ser produtora cultural. Nessa área, atuei em dois eventos marcantes: a I FLINÍSIA – I Feira Literária de Nísia Floresta – RN – 2015 – III Encontro Nacional do Mulherio das Letras no RN, 2019.
E como foi para você escreve em tempos de pandemia?
Um grande desafio, pois além de ter contraído uma virose forte, o estado de tensão em conviver com o desconhecido. No início da Pandemia, fui convidada para participar de um projeto virtual, idealizado por Vanessa Ratton, “Poesia & Prosa em casa: desafio literário para vencer a pandemia”, que se transformou em e-book e encontra-se à venda no Amazon, o que favoreceu o processo da escrito como terapia.
Qual é o seu autor e autora preferida?
Há muitos, vou citar alguns: Guimarães Rosa, Constância Lima Duarte, Diva Cunha, Nísia Floresta, Simone de Beauvoir, João Cabral de Melo Neto, Cecília Meireles, Milan Kundera, Ranier Maria Rilke, Nélida Piñon, Cora Coralina, Manoel de Barros, Garcia Lorca, Clarice Lispector, Mia Couto, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Virginia Wolf.
Você teve dificuldades para se lançar como escritora?
Sinceramente, ainda não tive como cuidar dessa parte, eu exercito a escrita como uma necessidade existencial de sobrevivência nesse mundo tão árido. É um processo de catarse, quando há oportunidade de participar de um edital ou espaço para publicar o que escrevo, fico satisfeita, porém ainda não me despertei para focar no mercado editorial e venda do que produzo.
Você faz parte de algum grupo de escrita? Qual?
Diante do tempo dedicado a minha profissão, há pouco espaço para me envolver em muitos grupos, os que administro já me consomem. Mas estou fazendo parte do Clube de Leitura Florescer de Adriana Vicioli. É bom porque nos disciplina na leitura e escrita.
O que você tem a dizer as escritoras e escritores que estão iniciando? Que conselho você daria?
A leitura e a escrita são o que move e transforma o mundo. Quanto mais escritores no Planeta, mais humano fica o universo. Por isso, meu conselho é de que, por mais desafiador que seja as condições de se tornar um escritor no Brasil, mais vontade devemos ter de escrever. Nesse sentido, um bom acervo de leitura é sempre importante para quem está iniciando como escritor, pois, além de ampliar a visão de mundo, contribui para o aperfeiçoamento da escrita.
* Rejane Souza. Natural de Nísia Floresta/RN Graduada em Letras/UFRN Mestra em Literatura Comparada/UFRN – Atuou na Secretaria de Educação do Estado do RN – Coordenação Pedagógica da EJA. Equipe do Ensino Médio – SUEM/SEEC/RN – 2010 Equipe da Avaliação Escolar – SUAVE/SEEC/RN – Equipe Proler – CODESE/SEEC/RN-2011/ 2013 Coordenação Pedagógica – CODESE/SEEC/RN De 2015 a 2016 – Subcoordenadora do Livro, Leitura e Bibliotecas da Fundação José Augusto. Ex-Professora-substituta pelo Departamento de Letras/UFRN – Orientadora da Especialização do Curso de Literatura e Ensino a Distância – UaB – IFRN/EaD –. Atuou como Formadora do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio. Ex- Coordenadora Geral do Ensino Fundamental da SME de Nísia Floresta. Atualmente é Assessora Pedagógica da II Direc -Parnamirm/RN. Membro do Conselho Municipal do Livro -Leitura e Biblioteca de Natal e articuladora regional do Coletivo Mulherio das Letras Nísia Floresta e Alpendre Literário.
NEuSa Demartini
PARABÉNS pelo belo espaço. Aqui tenho lido SOBRE NOVOS autores brasileiros e vejo como o terreno é fértil!