Entrevista com a escritora Sonali Souza – Por Vanessa Franco
Na coluna mensal “Mulheres na Literatura”, Vanessa Franco aborda entrevistas com escritoras, resenhas de livros, publicação e análise de poemas e traz novidades do mundo literário envolvido por mulheres.
Vanessa Franco é professora de teatro, atriz, palhaça e poeta paraense.
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Quem é Sonali Souza?
Nasci em Mesquita em 1962, no território que hoje chamam de Baixada Fluminense. Naquela época, esta região era ainda mais rural, embora já tivesse sido desencadeado o processo de urbanização. Desde criança guardo uma curiosidade sobre tudo e o sentido da vida. Participei dos movimentos literários de Nova Iguaçu desde fins dos anos 1970, e nos anos 1980. Guardo meus laços
com eles e venho retomando atividades com o pessoal de literatura de lá.
Sonali, a literatura e a escrita sempre estiveram em sua rotina?
Desde os cinco anos, quando me alfabetizei. Passei a ler tudo, diferentes temas, vorazmente, foi um mundo mágico que descobri. Meu pai lê muito, e um tio muito querido, Alencar Mamede, também. Este tio, que tem uma extensa biblioteca diversificada, vendo meu interesse em leitura proporcionou-me aulas aos seis anos com uma professora de declamação, sua amiga em Nova Iguaçu. Ambos tinham feito também, anteriormente, aulas de declamação com Maria Sabina, uma poetisa e declamadora do Rio de Janeiro. Desde ali, aos seis anos, passei a ler poesia e aos nove comecei a garatujar meus poemas.
Você tem algum livro publicado?
Não. Publiquei crônicas e poemas no jornal Correio da Lavoura (de Nova Iguaçu) e tenho poemas publicados em coletâneas.
Quais escritores você tem como referência? Por quê?
Clarice Lispector e Florbela Espanca. Por usarem a palavra de forma sonora e como instrumento de beleza, de questionamento e recriação do mundo através da palavra. Mas tenho três autores, homens que não posso deixar de mencionar, que me acompanham: Drummond, Manoel de Barros e Ferreira Gullar em suas fases mais recente. Isso porque eles três trabalham o cotidiano dos dias em seus versos, são pensados, densos, mas simples mantendo a profundidade, trazendo questões e registros da vida com o uso de uma palavra quase coloquial.
O que motiva você a escrever?
É um artesanato que aprendi criança. Os poemas me vêm aos borbotões, me aparecem espontaneamente. Também registro-traduzo-reflito sobre acontecimentos importantes da minha vida e do mundo.
Qual livro marcou você profundamente?
Grande Sertão – Veredas.
Qual é a sua formação?
Sou cientista social e mestre em Antropologia Social pela UFRJ com uma dissertação sobre a gênese da atual Baixada Fluminense.
Que obras literárias não podem faltar em sua biblioteca?
Grande Sertão-Veredas, os trabalhos de Florbela Espanca, Cecília Meireles e Clarice Lispector.
Qual gênero você escreve?
Já escrevi crônicas e poemas. Atualmente só poemas.
Você acha que as redes sociais são um ponto positivo na vida de escritores e escritoras?
Sim. Nos ajudam a divulgar nosso trabalho e a manter as relações com pessoas da literatura.
Como é a sua rotina de trabalho com a escrita? Você estabelece metas para si mesma?
Não, não tenho rotina para escrever, os poemas me vêm espontaneamente. Estou precisando muito ter metas para a publicação de um livro, hehe!
Quais são seus planos para o futuro? Tem algum livro engavetado?
Manter meus laços afetivos e produtivos com poetas de Nova Iguaçu, a quem sou muito afeiçoada. Sim, tenho um livro engavetado que tem seu título, inclusive. Mas preciso organizar meu tempo para elaborá-lo e encaminhá-lo para alguma editora. Tenho muitos poemas, alguns, inclusive, perdidos.
Deixe as suas considerações finais para quem deseja se realizar como escritor/escritora.
Escreva e divulgue seus escritos. Faz bem!
* Sonali Souza. “Nasci em 1962 em Mesquita, Estado do Rio. Atualmente moro no Rio de Janeiro. Sou mãe de um filho que está com vinte e sete anos. Sou a primeira neta de Seu Miguel e Dona Judith, meus padrinhos de batismo, a quem, mesmo não habitando mais na dimensão de seres viventes, estão no Cosmos me iluminando e a quem sempre peço a benção.
Cursei a graduação em Ciências Sociais na UFRJ, universidade onde também fiz o mestrado acadêmico em Antropologia Social. Escrevi a dissertação de mestrado Da Laranja ao Lote, em que analiso os impactos sociais dos loteamentos em Nova Iguaçu nos anos 1950-70.
Trabalhei como professora da rede pública estadual lecionando História e Sociologia e em universidade privada lecionando Sociologia..
Participei em fins dos anos 1970 e nos anos 1980 de movimentos literários em Nova Iguaçu com poetas com os quais mantenho laços de amizade e sonhos. Publiquei crônicas e poemas no Jornal Correio da Lavoura de Nova Iguaçu e em coletâneas de poesia. O livro de poemas é projeto que minha dispersão em vários afazeres, dentre eles o de dona de casa, ainda não realizei.
Escrever e ler literatura sempre foi um exercício constante para mim, desde que me alfabetizei aos cinco anos, quando já buscava a sonoridade das palavras e uma reflexão sobre a vida”.