Três poemas de Jade Rainho
Jade Rainho é poeta, pesquisadora cultural, documentarista e ativista pelos direitos humanos e da natureza. Começou a versar aos 10 anos de idade e desde 2009 tem expandido sua poesia para a imagem, principalmente o audiovisual. Alguns de seus poemas já concorreram a prêmios no Brasil e seu documentário de estreia, Flor Brilhante e as cicatrizes da pedra, lançado na sala de cinema do Museu da Língua Portuguesa durante a Virada Cultural de 2014, foi traduzido para 06 línguas, exibido 21 países e premiado no Brasil, Bolívia, Peru e México.
Os poemas abaixo integram o livro Canção da Liberdade, edição da autora, publicado em 2017.
***
o tempo
astronauta louco
soltou minha mão
e eu me fui
Girassol
nas tardes
*
00:14:41:00
Estrelas jovens à beira do buraco negro
OYPANIA alertou sobre o possível
precipitar da Via Láctea
ao perceber
entre o centro e o nada
o nascer da criação
A mesma forma
a princípio
massa gravitacional do infinito
nuvens moléculas galácticas
A anos-luz do nosso Sol
visível luz misteriosa
a escapar de brincadeira
sem medo de ir mais além
Envolvidas em cada
instância
localizada
daquela distância
Combinam sinais aglomerados
frequentemente vibracionados
no orbitar do bem-querer
Pensando mais que o imaginado
ganhando o céu e todo o espaço
na velocidade
dimensional
da expansão de pó e braços
No universo e cada passo
redescoberto de você
Instante novo
todo
agora é sempre
brilho
do viver
Tá tudo bem
Porto Alegre, janeiro de 2009
*
partículas forjadas
forçadamente arremessadas
nanofração de segundo
menor que a velocidade da luz
colidem
motivo de matéria física
aí está a busca
confusão, ilusão?
energia geradora
prótons de explicação
um Universo de laboratório
disparado num feixe
a criação é explosão e descoberta
experimento subatômico transforma
na velocidade máxima
estrelas, planetas, matéria escura, a mente
simula a condição primordial
na impulsão original
inaugura a nova física
ilumina os mistérios
do cosmos
mínima-mente
refletido e visível
entre paralelos, outras dimensões
a existência real
além dos sentidos
religa mundos
a razão científica proeminente
completando a volta
na grande tentativa
de se conhecer
para confirmar
a perfeição
Porto Alegre, 2010