Quatro poemas de Jeovania Pinheiro
Jeovania Pinheiro é poeta e amante do conhecimento. Mestre em Filosofia pela UFPB, aluna especial no Doutorado em Literatura da UFPB. Trabalha como professora de filosofia SEE/PB. Lançou em 2017 minha primeira obra, Palavras Poéticas, pela editora Ixtlan, São Paulo. Este ano lançará o livro Poeticamente Entre Versos & Bocas, pela editora Ixtlan, A-M-O-R pela editora Sangria e organiza a coletânea de poesias e contos O Livro das Marias, que será lançada no II Mulherio das Letras, em Natal/RN, em novembro de 2019.
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Amor Negro I
Um negro joga o juízo
De uma negra
Em cima do telhado
Deixa seus gemidos
Se unir aos miados dos gatos
Enquanto toda ela
Está entregue em seus braços
*
Pensamento bailante
Quando amanheço
O dia não nasce antes do pensamento
Ele vem primeiro
Ainda dormindo
Ele retumba seu nome
Ele lança-me em seus braços
Bailantemente
Como o moço que joga a moça à rodopiar
E a puxa de volta para seus braços
Esses pensamentos vivem bailando
Com você
Nem deixam o dia amanhecer
E já estão entre um passo é um compasso
Em meio as suas pernas
E eu cá aberta
Preenchida até os poros
Por esses pensamentos
*
_Semente
A palma da mão é imensa
Quando tem uma semente no meio
As unhas sujam de terra
Plantando
O sol
A água
A conversa no pé d’ouvido da planta
Faz crescer
Fica maior que um prédio
Embeleza
A vista
As narinas
A alma
Uma semente na palma da mão
Pode ser do que for
Cultivada
Progride
E avoa quem nem trem-bala
*
Esse Corpo
Esse corpo é morada de todos os meus prazeres
Dos meus quereres
Nele habita minha marcas
Minhas dores
Minha força
Meus músculos intelectuais
Esse corpo é um elo entre o mundo aí
E tudo que existe em mim
Esse corpo tão meu
Vai apenas onde eu quero que vá
Não vai seguir ninguém à toa
Nem vai obedecer o seu querer mandar
Não
Ele vai rir
Dessa sua ilusão de comandar
Ele vai gritar sempre que for preciso
Pare!
Ele vai se rebelar todas as vezes que a vida exigir
Todas as vezes que alguém quiser poldá a liberdade
Sempre que uma irmã precisar
Sempre que a consciência doer
E a boca se abrir para reclamar o que é nosso por direito
Esse corpo vai está aí
Essa mente vai está aí
Essa luta vai está aí