Cinco poemas de Manuel Veronez
Manuel Veronez é rapaz bão do Triângulo Mineiro, nascido em Araguari-MG, terra do café, do tomate e dos irmãos Naves. Ele versa! Dizer-se poeta é ilusório, isso é tarefa do leitor. É autor do Maionese (2016), seu primeiro livro de poemas, fichado pela Editora Subsolo. Tem também poemas espalhados em todo o canto: calendários, ônibus, antologias etc. É doutor em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia, com período sanduíche na Université Paris-Sorbonne (Paris IV).
***
PARAFUSO
quando comia com vontade
o último pedaço gorduroso
de algo num lixo
de um apartamento qualquer
lembrara que não bebera
tirou da mochila molhada
meio bujãozinho de pedra90
*
PLUS JAMAIS ÇA!
seus olhos seguiram baixos
vendo tudo do chão
ouviam sons diversos irregulares.
uma pedra no caminho
a chutou e caiu
ralou o joelho esquerdo.
chegou ao canto desejado
suspirou a vida fria
aquecendo deveras os pulmões
*
PANCRONIA
caminhava olhando para cima
desviava de postes buracos
só não desviou
num dia de distração
do pingo da chuva
que entrou pelo nariz
*
ESPERANÇA
através da porta transparente
enxerguei a sensação mordente
surgia alva esbelta rapidamente
à procura do amor
frio e sem graça
*
ÁGUA GELADA
eu me escondi
dentro de uma garrafa
pensei que era gênio
quando me deram falta
abriram a garrafa
saiu aquele cheiro ruim