Não estarei onde me termino
é sexta-feira
a vida me rouba a paz
aquele vestígio
me pede espaço
e eu procuro ar
embriago a hora de vinho
paro na coragem que fraqueja
me deixo quieta
e profunda
num silêncio sem resposta
o devaneio me come o sono
expõe minhas ruínas
o dia me rouba a calma
pede meu tempo
ao tempo
mas não posso esperar
sou só um vento
um sopro
não vi onde “me começo”
não estarei onde “me termino”
não sei fazer pedidos
nem dar eternidades
deslizo fulminante
ao contrário
resiste esse coração
que queima
devagar
entregue
sincero
e sem rumo