Três poemas de Paulo Sérgio
Paulo Sérgio nasceu no Rio de Janeiro, tem 24 anos e mora no bairro Vila da Penha. Cursou Letras e trabalha na área de Marketing. Tem paixão por ler e escrever.
Agosto
Encontrávamo-nos em agosto.
Lembro-me que éramos felizes com pouco,
E não havia nada entreposto
que pudesse afastar o teu rosto
do recosto do meu peito.
E, quando deitávamos em nosso leito,
tu aconchegavas-te em meus braços feito
rainha com jeito dengoso.
O teu conceito em me eleger o eleito
não foi malfeito. Não sou perfeito,
eu o admito! Possuo defeitos,
mas, com eles, não estou satisfeito.
Mas não tenhas preconceitos,
pois sou sujeito direito e afeito.
Eu careço de teu apreço:
do teu beijo escorreito,
do teu abraço estreito
do nosso chamego perfeito.
Com sorriso contrafeito,
com os olhos em estado liquefeito,
peço-te que não utilizes desproveito
ao pensar em mim.
Muito menos que esse é o nosso fim!
Eu te amo e nunca vou desistir de ti!
*
É Tão Longe Voltar Atrás
É tão longe voltar atrás, que esquecemos o caminho de regresso.
Apertamos o nosso coração numa mala, até ficar bem compresso.
E partimos em viagem, com a esperança de novo acesso.
Frustramo-nos, já que não é viagem, e sim fuga; um retrocesso.
E, quando menos percebemos, estamos completamente imersos
Em nossa vaidade e em nosso orgulho; ou seja, em nossos excessos.
E o nosso sofrimento torna-se tão espesso, que nos fica impresso.
Tornamo-nos tão opressos, que confesso que indefesos é nosso pesar.
Custava-nos voltar atrás e apenas nos desculpar?
*
Sem Perspectiva
Faço o que me é permitido, não o que eu deveria.
Tento esquecer-te sempre na primeira tentativa
de pensamentos falhos que insistem em errar;
de velhas manias que eu não sei mais viver sem praticar.
Não possuo o que eu estimo, e sim o que eu desprezo.
A solidão, de repente, tornou-se uma presença inseparável,
da qual eu sempre desfruto sua companhia desagradável;
companhia que estimula meus piores vezos.
É frustrante não ter o que necessito
E perceber que não adianta lutar, pois tudo está perdido.
É difícil ter consciência do meu futuro miserável.
Sem perspectiva de nada, sem ao menos uma dor suportável.