Quatro poemas de Juá DuCeará
Juá DuCeará (Cícero de Andrade) nasceu em 1968 em Juazeiro do Norte, no Ceará, e reside atualmente em Arapongas, Paraná. Poeta, pintor muralista, ilustrador, artista plástico, caricaturista e escritor, pegou gosto pela arte ainda cedo na infância. Na poesia, começou fazendo alguns versos para namoradas, mas entrou de vez na poesia a partir de 2011, escrevendo poemas em que homenageava Luiz Gonzaga, Padre Cícero e outros do Nordeste. Depois de 2017, já completamente tomado pelo amor à poesia, escreveu e ilustrou o livro Lampião e a vaca: alucinações do rei do cangaço, ainda não publicado, e está concluindo o segundo livro Juá DuCeará, poesias de um coração nordestino. Participou em Arapongas dos seus primeiros sarais e, em 2017, ficou com o 3º lugar nos XXXLL Jogos Florais. Como artista plástico, já expôs em Fortaleza, Juazeiro do Norte e Europa. Como caricaturista, passou dois anos fazendo caricaturas na TV Verde Vale em Juazeiro do Norte.
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Brasília casa profana
Brasília é o lugar
onde reina a iniquidade,
onde bandidos de verdade
tramam contra a nação,
se restringe a educação,
e dá direito a bandidos,
onde o cidadão é lesado
seus direitos são retirados
e os do crime mantidos.
Brasília jardim de plantas
carnívoras e venenosas,
onde não se produz rosas
e envenenam nossas flores,
Brasília jardim de horrores,
da inteligência insana,
onde o errado é o certo
onde reina o ladrão esperto,
Brasília casa profana.
Brasília de tu emana
os odores enxofrados,
oásis dos deputados,
juízes e senadores,
és o jardim dos horrores,
da tramoia do poder,
onde nada se aproveita
onde o lixo se aceita
e justiça não se vê.
Brasília tu só maltrata
os filhos do teu país
mantém teu povo infeliz,
sorri descaradamente,
as tuas leis são somente
decretos em prol do crime,
é assim tua justiça;
nos trata como carniça
impondo-nos o teu regime.
Brasília, eu te desprezo
como o diabo é desprezado,
és pra todos nós um fardo
e todo nosso atraso,
é grande o teu descaso,
tua falta com a verdade,
tua falta de vergonha,
todo brasileiro sonha
com justiça e liberdade.
Brasília tua maldade
pra com o povo que trabalha
é como uma navalha
cortando o pulso da gente,
o teu jugo indecente
apodrece a nossa crença
no teu poder de justiça
pois teu poder de cobiça
é o que faz a diferença.
Não refiro-me à cidade,
nem tampouco ao cidadão
mas sim à corrupção
e aos seus corruptores,
deputados, senadores,
e corruptos magistrados,
a corja que nos oprime
a justiça só reprime
todos os injustiçados
Brasília fostes fundada
pra ser a casa do povo,
mas esse nome é tão novo
que ainda não foi usado
na verdade está errado,
o teu nome é perdição,
a casa das injustiças,
da tramoia, da cobiça
e também da corrupção.
*
Ás vezes tão longe,
às vezes tão perto,
das areias que cobrem o deserto
aos mares que cruzam continentes,
hoje mesmo só está ausente
quem quase sempre insiste em não lembrar,
que faz do tempo algo pra se ausentar,
ou aquele que muitas vezes se esquece,
pois a corda que nos une enfraquece
e um dia com certeza irá quebrar.
*
Os perigos no amor
Nas pancadas que a alma recebe,
no leito de um coração ferido,
ouve-se um grito exprimido
de um alguém que não se doma,
o pranto da alma em coma
envelhecendo num canto
não passa despercebido
no peito um ar comprimido
tentando conter o pranto.
No tentar do não sofrer
quando se entrega ao amor,
difícil prever a dor
ou uma angústia futura,
no peito uma partitura
com uma letra de amor
escrita com esperança
em busca de uma aliança
sem jamais pensar na dor.
No êxtase do amor
o coração transparece,
dificilmente entristece
quando vem ao pensamento,
a todo e qualquer momento,
as lembranças amorosas
quando o clima favorece
é como se estivesse
nadando em um mar de rosas.
E como um livro de prosas,
o amor nos abobalha
e isso é como navalha,
quando não há o retorno
o amor se torna morno,
mas ao mesmo tempo queima
pois coração não se engana
se o cheiro do amor emana
mas quando há dor ele teima.
O fogo a palha queima,
como queima o coração,
na masmorra da paixão
como um cárcere privado,
o amor é aprisionado
sem data pra se soltar
tirando sua liberdade
e fazendo só por maldade
o seu peito sufocar.
Para quem tenta encontrar
ou sonha com um grande amor
não deve esquecer que a dor,
é uma coisa normal
ela existe, é real
e quase sempre há surpresas
como uma boa bebida
que se bebe despercebida
e acaba embaixo da mesa.
*
Cícero de Andrade
Parabéns pelo maravilhoso Blog, muito honrado em fazer parte as minhas obras desse tão rico acervo.
JUÁ DUCEARÁ