Quatro poemas de Ronald Augusto
Ronald Augusto é poeta e ensaísta. Formado em Filosofia pela UFRGS. É autor de, entre outros, Homem ao Rubro (1983), Puya (1987), Kânhamo (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004), No Assoalho Duro (2007), Cair de Costas (2012), Oliveira Silveira: poesia reunida (2012), Decupagens Assim (2012), Empresto do Visitante (2013) e À Ipásia que o espera (2016). Dá expediente no blog Poesia-Pau e é colunista do portal de notícias Sul21.
Poemas – sem títulos – do livro Empresto do visitante (2013), editora Patuá.
***
para dormir vesti uma camiseta
miseranda que há poucos dias
observando-a
notei que lhe caíra muito bem
súcubo
incunabula compaginada
deitou, acabou de pensar
*
muito perto desse à boca
pequena (clusa-
costurada) que se reitera
enovelando nul
o suspeito da escrita
e o da leitura
onde é insuficiente curvar-se
profundamente com o propósito de
receptáculo
*
entregue a quem
o fingidiço lavabo do finissúcubo
vagas do azar levado
proençaes soían conocer esse revolto
voltado de face ao maroceano
*
à volta não resta imagem nenhuma
que não tenha de algum modo surtido
de promessa lexical
desenho onde a
ideia aperta a pálpebra
desenho desdenhoso a que se resigna
embora jamais reluza à mão
remate de sombras ao capricho do meio-dia
e o sopro insuperno de que se ressente