Quatro poemas de Tania Angelita Iora Guesser
Tania Angelita Iora Guesser nasceu em São José do Herval – RS em 1976, atualmente reside na grande Florianópolis – SC. Psicóloga com Formação em Psicanálise e Mestrado em Política Social, a autora também é bacharel em Direito. Trabalhou em consultório por 18 anos. Casada, mãe de dois filhos se divide entre os afazeres, o trabalho, e a escrita.
Os poemas abaixo compõem o livro Asas à Loucura – versos sobre uma vida de terapia, com previsão para ser lançado em junho de 2019.
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I
Desejos, jogo ao vento
Noite que chega.
E, consigo, traz toda delícia
De uma noite com você.
Mas é outro quem desejo.
Minha alma, não está na sua cama.
E como deveria estar?
Se a ele, entre promessas e prazeres,
Entreguei-a nas madrugadas que omiti.
Hoje apenas me jubilo
Das memórias que trago
Guardadas nas orgias
Do meu coração.
*
III
Meu duro caminho percorro sozinha,
Com passos calmos, de difícil compasso.
Meu coração de amor tão escasso
Me leva a flutuar aliviada.
Entre céu e terra de andorinha
Meu horizonte é porto de fracasso
E dentro da minha história te desfaço
Com o adeus que tua escura face continha
E deixo meu corpo viajar
Quem sabe na solidão de um barco
À deriva no mar
Mas, retida na cálida tênue linha,
Te retiro da solidão,
Da solidão de me amar.
*
XII
Gosto desses dias cinzentos
Onde a alma se esconde da
Trágica nuance do caos
E encontra na mais
Profunda camada
A sua salvação
Dias tão parados e mortos
Que me perco na face
Vazia e amarga, que mostra
Esboçada nos lábios descuidados
Seus temores
Esses dias agitam meu ser
Cinzas paredões que
Arquitetam armadilhas
E expulsam a rudez dos amores
Bloqueados.
*
XXXVIII
Não me basta abrir os olhos e te admirar. Tenho a pretensa necessidade de te tocar. De devorar tuas entranhas como um lobo faminto. Só há um meio pelo qual abebero meu desejo. É preciso estar junto, dentro e fora ao mesmo tempo. Para devorar tuas entranhas como um lobo faminto. Filosofias não crio, já sou medíocre o bastante. Mas sei que preciso devorar tuas entranhas como um lobo faminto. Pus na janela cortinas ao mundo, para que nunca me vejam. Devorando tuas entranhas como um lobo faminto.