Quatro poemas de Vanessa Regina
Vanessa Regina nasceu em Alegrete, interior do Rio Grande do Sul. É Mestre em Letras e tem poemas publicados em revistas literárias. Escreve no blog Caderno da Maga (http://cadernodamaga.blogspot.com.br). Vive em Pelotas.
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como não sucumbir às sombras
que fazem escurecer o dia
ao ruído, mínimo, que é cruzar a porta
– essas coisas que rompemos com as mãos –
uma noite apenas
para tanta fome
e um céu
como se falássemos
*
pouco se sabe da árvore vincada
na esquina de tua casa
um verde milenar a abrigar
inúmeros pássaros
que pendem de seus galhos
como verões intermináveis
a mesma terra para todos os nomes
*
é preciso medir o dia
como um fruto a nascer
intempestivo nas primeiras horas
dar-lhe a cor que não cessa
em nossos olhos
ou as mãos com seu peso de Ícaro
para as coisas que se apagam
*
aceitar o cardo
a desordem dos armários
a ferrugem nos cabelos
que sejam breves, muito breves
as pedras que jogaremos nos rios
e as janelas que se abrirão para o nada
os álamos florirão
como se soubessem