Seis poemas de Lucas R. Gaspar
Lucas R. Gaspar. Nascido e crescido na cidade de São Paulo. O que faz com as mãos, faz com prazer; tateia tudo que pode. Confecciona livros artesanais e entalha madeira.
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isso aqui ñ é feito só de cabeças
disseram
é p/ ser feito c/ o peito
assim
& encolheram os ombros
dobraram o pescoço p/ baixo
1 céu desceu até nós
deu p/ ver os 3 ou 4 q todos eram cada 1
cada outro + 4 ou 5
a sala ficou cheia mas arejada
desembestaram a falar 1 rio enorme
& enfim se pode respirar
*
+ lindo é o cerrado
c/ sua cabeleira de velha
*
esperei longamente
exceto ñ ter sido longa
a espera
esperei por colheitas
mas firme
& satisfeito
em paciência
q quando vi
era outro q me dizia
de sua mesma espera
longamente
eu disse
tenha calma
& plante aquelas manivas
*
você vê aquela montanha ali se mexendo
tem q dar o braço a torcer
você pensa nada + natural
você deve pensar
sim a montanha ali se mexe
ela te torce o braço
é preciso ser dito
ela vai ao seu ouvido & diz
nada + natural
você ñ viu ela se mexer
você diz ela se mexeu
ela continua ali
você está quase no topo dela & você vê
uma cadeia de montanhas
é forçoso pensar como foi q chegamos aqui
você aperta sua mão
acena c/ a cabeça
a montanha se mexeu
estando parada ali
nada + natural
uma cadeia de montanhas
torcendo rios ao seu ouvido
ela ñ se mexe como foi q chegou ali
*
o sol é 1 poleiro entochado de araras-azuis esses dias
revoando no mesmo lugar
*
essa noite
ou era depois do almoço
ñ sonhei comigo
& cá estou
debaixo d’água
de mãos dadas a uma ariranha
dizendo eu tenho q ir
volto assim q der
trago-lhe peixes
lambaris piranhas dourados traíras
cuia c/ mel
a fogueira é só brasa
ardo & suo muito