Seis poemas de Marli Dias Ribeiro
Marli Dias Ribeiro é paciente, persistente, de fé na vida e nas pessoas. Mãe, professora e mulher. Atua como formadora de professores, escritora e palestrante. Vencedora do Prêmio Gestão Escolar no DF. Ama a educação e a leitura. É Graduada em Matemática e Química pela Universidade Estadual de Goiás UEG, Especialista em Gestão Escolar pela Universidade de Brasília (UnB). Atuou como Diretora Escolar, Coordenadora Pedagógica, Supervisora Escolar, Gerente de Documentação e Logística e Formadora na Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação pela Secretaria de Educação do DF. Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília – UCB. Tem artigos e livros publicados. Participa do Grupo de Pesquisa no CNPq: Comunidade Escolar- Encontros e Diálogos Educativos- CEEDE. Interesse nas áreas de Políticas Educacionais, Formação de Professores Gestores, Gestão Escolar Democrática, Liderança Escolar, poemas, livros e viagens.
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Parda Poesia
Pardus, leopardo, onça
Nem frio, nem quente
Pantera com melanina irregular
Um morno talvez
Ausência de tipo que incomoda
Escuto que sou
Misturada, mestiça
Sem tribo, fora do grupo
Nem branco, nem preto, branca suja
Mãe negra e pai branco, pai senhor Mãe escrava
Sem cotas, sem grupo, sem raça
Quem os acolherá?
A tribo de todos
Pardas, que à noite, dificilmente são
Reconhecidas, desconhecidas, na escuridão de uma LUA de preconceito.
*
Seja
Nesse mundo de tantas cópias,
Fotocópias, xerocópias e prints…
Seja você!
Seja você mesma!
Afinal,
Todos os outros já existem, seu DNA é próprio.
E na verdade, o belo, o que dá sentido,
E o maravilhoso da vida é ser.
*
Sons
No ar viajam
Diferentes, livres
Soltos sons
Leves, fortes
Entram sem permissão
Tocam
Retocam
Existem
São
Sons
*
Abraço mulher
Quando meu olhar entristecer, me abrace, Abrace-me
Quando meus olhos secarem as lágrimas, vem com força, me abrace
Quando meu sorriso perder a gargalhada, me abrace
Me abrace com sentido de liberdade
Me abrace com cuidado maternal
Me circule com braços e corpo de energia própria de quem se doa
Abraço quente que flui
Abraço complexo e único, simplesmente seu
Abraço que atravessa e transcende a alma
Abraço de gente inteira
Abraço fêmea
*
Terra Fêmea
Escavei a terra seca e infértil
Ajuntei coragem e esperança
Busquei o melhor adubo que podia oferecer
Adubo construído na essência única, contribuição singular,
E então juntaram-se outras mãos
Pequenas e grandes, algumas fortes, outras delicadas, singulares, colorindo com seu tom
E vieram as chuvas, esmero da natureza
A terra antes seca, agora úmida e fértil faz-se berço para as flores de todas as cores, diversidade
O jardim em seu colorido mesmo possuindo espinhos continua à disposição das mesmas mãos, de novas mãos, de nossas mãos…e as flores do jardim são edificadas por nós.
E faz-se novamente, terra fértil, fêmea …
*
Mestiçagens
Mistura de cheiro
Diversidade de gente
Miscigenação de Sabores
E tudo em unidade de alma
De causa
De luta
E, ao final, somos apenas um
Somos mistura
Parda