Sete poemas de Tiago D. Oliveira
Tiago D. Oliveira nasceu em 1984, em Salvador-BA, graduado em Letras e mestrando em Literatura e Cultura pela UFBA, tendo passado pela UNL (Portugal). É professor, poeta e escritor. Tem poemas publicados em blogs, portais, revistas e jornais especializados. Participou de antologias no Brasil e em Portugal, dentre elas: Contos nos is (Edições Ecopy, 2011, Portugal), Entre o sono e o sonho – tomo I e II (Chiado Editora, 2013, Portugal), Entre o sono e o sonho – tomo IV (Chiado Editora, 2016, Portugal). Publicou Distraído, poesia (Editora Pinaúna, 2014), Debaixo do vazio, poesia (Editora Córrego, 2016) e Contações, poesia (Editora Patuá, 2018).
***
A[r]ssobio
entenda me n i n o
que o CORação
vem pa r t i n d o
a RAZão e
oquerealmenteimporta é
veja SÓlembra
da MÁQUINAdoMUNDO
VEJA$ó@gora
oquerealmenteimporta é
não deixar o caFÉ
esfriar
*
Diálogos inacabados ao vento
I
você precisa aprender a lutar
mas como é isso de lutar
lutar é sair daqui e ir
mas ir para onde
ir somente ir
e nada mais
ir apenas
assim
ir
II
o que devo fazer
quando faltar o ar
quando faltar o ar
nada
nada
nada
*
Artículo um: sobre
longe, manhã de sábado,
é outubro início no quarto.
coleção invisível,
a que nos resta,
ao vento, à poeira,
anunciando o fim de tarde.
metrificar a abertura dos olhos,
metade repelindo e a outra
ancorando a subjetividade,
versos arqueados passos
sob o incerto e inverso
que nos defende homens
dos redemoinhos repentinos
ou não, que se formam
ribeirinhos ao fruto, chão
*
Artículo dois: os dias
gargarejo com romã
o que me atravessa a garganta.
já não há rumores
doutras ossadas sob a pele.
armo da razão da terra
folhas verdes para defesa.
da coleção invisível,
em condução das horas,
do que nos candeia
como resposta ao tempo.
o que já não completa
o ângulo de um abraço,
quedando sobre o sangue
a disritmia da beleza,
a que devemos a poesia
*
Artículo três: de fé
a luz
que vejo
vem
da fímbria
de um dia,
no distrato
do contrato
com o sol
a iluminar.
feita
de um clarão
pasmado
pelo brilho
infindável,
vindo dos olhos,
vindo do olhar.
voz de painho,
pele de mainha,
aplacartranspassar
feitofimfeitofinal
*
Artículo quatro: entendo
guardar do mundo
o ar momento
exato do que
não chegou,
âncora de movimentos
dentro do peito,
nortes vagos:
hoje, que ainda
chove no mar
*
Artículo cinco: o caminho
estrangeiro,
venho de uma manhã
extinta.
do que guardo,
ar, nada mais.
cais.
meu lugar desenha
no mundo cheiro
de alfazema,
para os carros
atravessarem.
nada ainda
é tão fecundo
quanto o que
estão a soprar.
estrangeiro.
do que re/verso
entrego-me
sem medo:
as margens
do Paraguaçu
ainda entregam
saveiros