Três poemas de Diego Gregório
Diego Gregório é jornalista e escritor. Nasceu em 13 de maio, em Fortaleza, cidade solar capital do Ceará. É autor do livro Coisas que você mesmo poderia ter dito e tenta, através da poesia, explicar o que não pode ser explicado: a chegada, a partida e a permanecia do amor. Diego acredita que a poesia pode salvar vidas. O livro pode ser adquirido por meio do Instagram @diegojgregorio para todos o Brasil.
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Um quase desconhecido
A cara lavada. Iluminada pela lua em um décimo andar.
Há pouco, um aquário cheinho de peixes me olhou como se me conhecesse.
Meu corpo dependurado na janela confundindo aviões com estrelas cadentes – viajaria em ambos.
Sorrio em fase de teste, aperto os olhos.
Penso que é um momento que não vai ter narração, porém escrevo porque é o que eu consigo fazer.
Me sinto ótimo, sinto duas saudades, me despeço de uma e escondo a outra.
É fácil, como você disse que seria
Ônibus, metrôs, táxis e aviões
“Eu sou um combatente que dança”, ela disse, e eu achei que foi pra mim.
E quando cheguei em casa depois de noite extensa, encontrei a caótica do cômodo e não soube onde esconder os corpos.
Tudo, tudo, estava aqui, mas nada em seu devido lugar.
Ônibus, metrôs, táxis e aviões não vão me fazer voltar.
Zéfiro e Bóreas soprando um só vento em minhas velas, também não.
Nem os barcos.
Ou as guerras.
Nem mesmo as promessas de paz
Hão de me fazer voltar
Finda
Tudo é finito.
Finda a noite e o sorriso da menina, finda a meninice, finda a casa construída na colina e finda também a colina.
O pôr do sol não está mais lá o lírio, o caminho percorrido e a mata virgem. Finda a coragem e o medo o elefante africano e a jubarte a memória, a saudade, a mãe, e o amor
e finda também esse poema.