Três poemas de Érica Azevedo
Érica Azevedo nasceu em Santo Estevão (BA) e encontrou abrigo nas palavras ainda criança. É graduada em Letras Vernáculas e Mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). É escritora e professora de Língua portuguesa, Redação e Literatura. Participou das coletâneas Sangue Novo: 21 poetas baianos do século XXI (Escrituras, 2011), Confraria Poética Feminina (Penalux, 2016), O Sarau: doze poetas viscerais recitando na boca da noite (Mondrongo, 2017), Oxe: literatura baiana contemporânea (IFBA-Campus Santo Amaro, 2017), Outras Carolinas: mulherio da Bahia (Penalux, 2017), Tudo no mínimo: antologia do miniconto na Bahia (Mondrongo, 2018), Conexões Atlânticas (In-finita, 2018), Confraria Poética Feminina volume II (Penalux, 2018), Terra, fogo, água, ar: coletânea lírica (EDUFBA, 2020), Confraria em prosa: olhares e vozes femininas (Penalux, 2020). Publicou Vida em poesias (Edições MAC/ Feira de Santana, 2002), Outros eus (Kalango, 2013), A chuva e o labirinto (Mondrongo, 2017), Cata-vento de Sonhos (Mondrongo, 2019). É Integrante dos coletivos Confraria Poética Feminina e Mulherio das Letras.
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Poética da água
Uma liquidez perene
persegue minhas entranhas.
Gotas tecidas de nódoas
e esperanças.
A esquina dos versos
esconde um rio:
pedra e água rasgando o útero das palavras.
(In: Terra, fogo, água, ar: coletânea lírica – EDUFBA, 2020)
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Arco-íris
Recordação de dor escorregando pelo rosto, limpando a pele,
Pétala que se desfaz ao abraço do tempo,
Encobrindo o corpo, limpando até o osso.
Dentro da memória nuvens emocionadas
Chuva de inverno, ao amanhecer
Nas entranhas, o sorriso de um grito:
Medo, tristeza e esperanças esperando para nascer.
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Crise
Uma tempestade e um sol
Duelando no peito.