Três poemas de Helena Lukianski
Helena Lukianski é mestra em Comunicação Social. Participa desde 2016 do cineclube Academia das Musas, criado para debater sobre filmes dirigidos por mulheres. Pesquisa sobre cinema e política. Escreve contos e poemas.
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Dente-de-leão
Como tantos navego em dias brancos
escolho as palavras para mensagens
que atravessam em vão o teu cotidiano
monto e desmonto este quebra-cabeça
torcendo pela queda do véu de Maya
exatamente sobre os meus ombros
ainda perco um tempo tentando
corroendo-me por antiga emoção
o único exercício que vale a pena
é assoprar o dente-de-leão.
*
Poema sobre dor
Por um pequeno trecho
estive ao teu lado
hoje
quando surge a chuva
fujo em lágrimas
para a foto
rio do nada
há uma palavra que rima,
faltou
Um tempo depois
não escondo a chuva
mas se não fujo,
não finjo
a palavra que rima,
faltou
*
As mãos
As únicas donas do movimento delicado
entrelaças entre elas, com outras
amor, prece, palmas
ponte do humano para o mundo tátil,
as mãos não podem retê-lo
terás de abraçar o mar com o corpo inteiro.