Três poemas de Iael Aguirre
Iael Aguirre é poeta e estudante, natural de Cáceres, MT. Aos 17 anos, colabora com edições da revista pixé e movimentos artísticos locais, além de compartilhar regularmente suas poesias em seu instagram (@iaehuhu) e blog pessoal (paixoesdesmedidas.blogspot.com), onde derrama as dores e os amores nas palavras.
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branco
alvo
claro
pano
molhado
no corte
carmesim
esguicha
o rubro
sangue
vermelho
que escorre
da carne
ferida
aberta
regada
de veia
sentei
no chão
deitei
no vão
a visão
embaçou
o preto
chorou
no breu
da tarja
do remédio
no escuro
do quarto
agora
fudeu
a janela
fechada
o pouco
de luz
é meu
quis
acabar
com
ela
só
que
não
deu
*
seus lábios se abriram
num semblante mais bucólico
que o ensaio dos dentes
e com seu desfile silencioso,
fez das tuas pontas
uma facada
por entre minhas
sujas e rúbias
engrenagens
o pouco véu
que separava
o meu eu
do teu eu
rompeu-se
em um
só golpe
fiz dos teus
passos
minha
caminhada,
fiz do teu tom
o meu
canto,
fiz da tua altura
a minha
maior
medida,
viramos,
os dois,
um só
*
Paciente
no canto
no aguardo
sou menos meu
que dos minutos
que me esperam.
três cadeiras
à direita
e outras três
à esquerda
estou jogado
sobre o peso
de um sofá
fiz das revistas
e dos rabiscos
amizades valiosas
estampo um sorriso
mas a boca furiosa
quer desabafar.
o tempo
nos ombros
quero perder
alguns quilos
e cravar
as horas
no alto
da parede.
sou paciente,
comórbido
impaciente.
Bruna de Moraes Scopel
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