Três poemas de Katia Marchese
Katia Marchese. Santos, 1962. Consta nas antologias Movimento Poetrix (Scorteci, 2004), Senhoras Obscenas I e III (Benfazeja, 2017 e Patuá 2019), Tanto Mar sem Céu – Laboratório de Criação Poética (Lumme, 2017), Casa do Desejo – A literatura que desejamos (Patuá-FLIP 2018), Poesia em tempos de barbárie – organização poeta Claudio Daniel (Lumme, 2019 no prelo). Poemas publicados nas revistas Germina, Musa Rara, Portal Vermelho, Zunái e Jornal Tornado – Portugal. Participa de Coletivo O Ateliê de poesia. Aluna do curso de Formação de Escritores CLIPE 2019 – Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Contemplada no Edital do Governo do Estado de São Paulo PROAC Poesia de 2019, com o projeto do livro Mulheres de Hopper, lançamento previsto para julho de 2020. Mora em Campinas, gestora pública.
Contato: kamarchese@gmail.com
Os poemas abaixo fazem parte da plaquete Por Favor, Diga meu Nome.
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Cúmulos
Nunca mais
olhou para o Céu
esse túmulo de seus mortos
[o azul é vingativo]
Girou o eixo,
a Terra paira sobre sua cabeça,
o verde pende
e agarra as mãos.
Deixa o abismo aos pés.
*
Beira
A menina ruiva
com coração de coelho
tinha bolsos cheios de pedras
e um rio profundo a sua frente.
Não podia dançar
com demônios em suas costas.
̶̶ Por favor, diga meu nome e não haverá nenhum afogamento.
*
Poesia
é rosto
que descarna
até o osso.
Serve a sopa
ao cão e à terra fria.