Três poemas de Marta Cocco
Marta Cocco é poeta, contista, autora de livros infantojuvenis, crítica literária e professora universitária. Cocco ocupa desde 2014 a cadeira 18 da Academia Mato-Grossense de Letras.
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saturação
Nada mais há de original no mundo.
Registram-se nascimentos e mortes
a cada segundo.
Noticia-se simultaneamente
perdidos e achados.
A poesia se debate
por um possível novo tema
e satura-se cada vez mais de solidões.
Quando chover,
talvez a paisagem se renove.
(Partido, 1997)
*
Fases
Gosto de você
sem saber por quê.
Não é o jeito
com que influencias
o rigor dos meus hábitos.
Gosto dos dias
propícios à semeadura
em que me sinto cheia
mesmo minguando
ou quase vazia.
(Meios, 2001)
*
Deduções
Com tormentas à vista
navegar é difícil
arrisca-se o carregamento da memória
e a empresa no devir.
O porto assim sendo
é lugar de onde não se quer sair.
De costas para as águas
megafones nas ruas
anunciam vagas na arca
– vozes de assalto e repetir.
O mar assim traduzido
é perigo nos cantos de seduzir.
Para monstros e tempestades
cindindo firmamentos e miragens
há o Deus vingativo (como no slide da infância).
Seu nome assim evocado
lota palácios e templos
por mercadores de linguagens.
(Sete Dias, 2007)
Marta
Estou gostando desse ruído manifesto. A poesia precisa ser arejada pela juventude de vocês, organizadores do movimento. parabéns!.
lOURENÇA LOU
mARAVILHOSO RUÍDO! pARABÉNS AOS EDITORES, PARTICIPANTES, CONVIDADOS. lITERATURA, CULTURA E ALTÍSSIMA QUALIDADE!