Três poemas de Rafael Fortes
Rafael Fortes é natural do Rio de Janeiro, mas reside em Mato Grosso há cerca de cinco anos. É professor, tradutor e às vezes escreve.
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O menino
Lá vai o menino correndo
um dia novo, encontrar querendo
vê a vida diferente,
não como a gente.
Lá vai o menino correndo
correndo lá vai para brincar
a vida é linda sob seu olhar
viver, sempre vivendo.
Lá vai o menino correndo
esperando crescer
quando não puder mais brincar,
verá o quão duro é viver.
*
Urbs sub equo
Salve Momo! Porque estamos vivendo à Roma Antiga
as festas aumentam
os pães e circo sustentam
Salve Momo! Nessas festas só o povo se castiga.
Salve Mercúrio! O comércio progrediu muito
enquanto o povo padece
fazemos-te uma prece
para que Baco nos ajude em tempos de murmúrio.
Salve Minerva! Por tanta inteligência
aqui não há negligência
graças a vós
essa pérola pertence a nós.
Acalme-se Netuno,
não conjure mais tempestades em nosso oceano profundo
dê mares mansos para navegar
de mares bravios estamos cansados de passar.
~Προσευχή~ orationis
Santo Zeus!
que tanto vela pelos seus
vela para que não venhamos ter enfermidades
porque a saúde está uma calamidade.
*
Pesadelo
O pesadelo é o local onde me encontro
A realidade após o sono faz cair da cama. Tolontro.
Céu enuviado, fumaça, bruma, morte
A existência está à nossa sorte.
Confusão, sabores, televisão, sinestésicos.
Bombas, informações, desespero, analgésicos
O que será de mim? O que será de nós?
Que vivemos nesse momento tão feroz.
Já não há mais afeto
A violência é o seu dileto
A esperança já passou
A distopia que o infame logrou
Vejo com meus olhos a claridade
Tudo embaçado, fragmentado, iniquidade!
O alicerce está em ruínas
E nós à mercê de retinas.