Três poemas de Rodolfo Mondoni
Rodolfo Mondoni nasceu em 1990, na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. Há sete anos mora na capital paulista, onde se formou em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Trabalhou como repórter na Gazeta Esportiva, Editora Nova Criação e o portal Infomoney. Em 2015, foi foca do jornal O Estado de S. Paulo, onde atualmente é repórter freelancer. Tem três poemas publicados pelas coletâneas do “Concurso Nacional Novos Poetas” e está trabalhando no seu próprio livro de poemas.
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VINCENT
Nas paredes do meu quarto
Um violeta pálido
Brotava feito jardim
Forrado de tulipas mortas
Os móveis de um amarelo mole
Possuíam um tom diferente
Dos meus ardentes girassóis
O vermelho escarlate das papoulas
Escorria pelo meu peito ferido
Tomava conta da colcha da cama
A janela se abria para dentro
Um interior onde não havia mais nada
Queria ter morrido no repouso
Do meu refúgio imperturbável em Arles
Quis o destino me tirar a vida
De uma forma bem mais brutal
Com uma bala plantada em mim
Suei frio e sangrei tinta por dois dias
Pode soar estranho dizer isso assim
Mas confesso que tive mais medo
Quando decepei minha orelha esquerda
Desta última vez fui constantemente consolado
Pela certeza de estar próximo do fim
POEMA AO POETA DA REVOLUÇÃO
Versarei meus versos ao universo
Na noite púrpura cravejada de cristais
Marcharemos como um mar vermelho
Pelo vale da morte pelos nossos ideais
Faremos a Revolução novamente
Rescreveremos os livros de história
Para recuperar a glória dos oprimidos
Dos escravizados dos esquecidos
Navios partirão ao som de trombetas e uivos
Navegarão sobre as águas de um novo dilúvio
Se os deuses ficarem descontentes
Criaremos novos deuses nossos deuses
Expurguem da memória os Deuses Americanos
Os velhos gregos e romanos
Os homens de barba e olhos azuis do Ocidente
Deixaremos vivo um só deusinho
Preso às tripas de seus discípulos
Para cantar a trova do nosso triunfo
Não temam as sombras das trevas
O sol estrela maior já está comigo
Meu amigo mora nas minhas palavras
Subam a bordo surdas baterias
Batam no coração de cobre batalhão
Sintam o cheiro doce da nobre vitória
PARES
Gosto dos números pares
Redondos, cheios, completos
Talvez por ter nascido às 20h00
Do dia vinte de fevereiro de 1990
Talvez tenha inventado esse horário
Somente para fazer mais sentido
Talvez tenha apenas esquecido
Ou foi pura preguiça de perguntar
Para minha mãe pela milésima vez
Na loteria aposto sempre neles
Talvez por isso eu nunca ganhei
O meu número favorito é o 2
Claro que depois vem o 8
Com suas curvas sobrepostas
Símbolo do infinito
Marcado pela tatuagem clichê
Aquela que nunca tive coragem de fazer
O 8 me lembra do meu autorama
O melhor presente de Natal
No dia 24 de dezembro de 1994
Ano em que o Brasil foi tetra
Ou será que foi no dia 12 de outubro
De mil novecentos e noventa e seis?
Sou filho do meio de três
Mas teve uma que nunca nasceu
Éramos para ser quatro
Talvez ela trouxesse mais equilíbrio
Quatro irmãos em uma família de seis
E cada um teria um casal
Seria perfeito
Luciana c. Rossi Marth.
Simplesmente maravilhosos!, amei parabéns Rodolfo seu livro vai ser um sucesso!, vc é muito profundo e de uma ingenuidade que encanta.
Muito sucesso é o que desejo à vc.
Ah é quero o meu livro autografado ok? Abraço