Três poemas de Rubermária Sperandio
Rubermária Sperandio é mineira, criada em Matogrosso, e vive no Rio desde 2014. É formada em Comunicação Social e mestre em Mídia, Politica e Cultura pela UFMT. Tem vários contos e poemas publicados em revistas e antologias. Publicou em março de 2019 o livro de poemas Matrioskas. Trabalha como preparadora de originais de literatura e de textos acadêmicos.
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O nome da flor
Lírio, Açucena, Lis,
flores de lótus,
de Louis, de Hermes.
Flor de Zéfiro,
Iris do mundo.
Pendão de Davi,
rosa de Saron,
Virgem de José.
Plantações de papiros,
colheitas de papoulas.
Quanto mais hercúlia
a boca no peito divino,
mais jorra o corpo,
derrama a Via-Láctea
a flor deleite na terra.
O lírio, a flor-de-lis,
o infinito no Verbo,
a rosa cravada no nome.
Na raiz, a “vontade”,
o delírio humano.
*
A Batida
Entre sombras e clareiras,
céus e terras,
perigos coturnos.
Brande o pandeiro,
as palhetas livres,
a flauta do uirapuru.
Estremece o chão,
animais eriçam
a coruja no galho.
*
Da janela
Seu corpo manifestante
na floreira do jardim,
é vento em mim.
Colho, à distancia,
a flor mais branca,
que desaparece no fim.