Três poemas de Vitor Hugo Luís Geraldo
Vitor Hugo Luís Geraldo, nasceu em São Simão/SP, formado em Direito e, atualmente, graduando em Letras – Letras com Habilitação em Língua Francesa pela Universidade Federal de Uberlândia. Foi publicado em diversas antologias poéticas, dentre elas uma organizada pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, onde classificou-se com o poema “Eu me explicando-me”. Atualmente prepara para publicação seu primeiro livro: Itinerário Orfeu.
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I
À tradição do riso
o sono dos teus olhos:
mudo pulsar de negras constelações
irrompendo fruto
entre os tumultos do acaso
Lampejo de águas demudando sonhos
como se a pedra
a pedra:
relâmpago inaudito cavalgando espaços,
a ti supusesse
e extinguisse a chama incerta
procura incerta
despida de mapas e traçados.
*
II
Teu rosto
dentre barcos e navios,
apazigua – e rumoreja –
as águas taciturnas
do devir.
Tempo de perdas,
e partidas
fotografadas
nos pátios da beleza
segura e perene,
apreendo, à revelia,
teu sono
nos pavilhões da memória:
fragmentário-arquipélago
de portos movediços.
Pássaro inquieto urdindo
voo e sonho
Inimportância à deriva
desabrigando
silencioso sudário de ametistas
Sob teu rosto tomba vencida
esta alvorada
Hesitante, desejo que renasçamos
junto ao mar
junto ao corpo
sêmen daquilo que éramos.
Amanhece…
*
III
Não há equinócios capazes
de alterar um campo
de trigo
teu riso, incendiário pão
à mesa desta cidade,
desencoraja sol plantações
vence ocasos
depura girassóis
à pura flor da flor
como quem decanta uma paisagem
de ausentes voos
e pássaros