Um poema de Aiub Serrão
Aiub Serrão é poeta e escritor amazonense nascido em Manaus. Graduando em Filosofia na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). É idealizador do projeto Ampulheta Literária que incentiva a leitura e a escrita no estado do Amazonas.
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O terrorismo foi legitimado
Que soem os clarins
Para anunciar a marcha fúnebre fascista
A ordem é uma farsa
O progresso é um delírio
Plantamos as armas
Colhamos a violência
Bebamos no “cale-se” sanguíneo
O novo cidadão diviniza a morte
Morrer e matar é preciso
Subjugar é necessário
Viva os novos e falsos direitos
Abaixo a democracia e seus preceitos
A ordem é uma farsa
O progresso é um delírio
Satélites saqueiam a Amazônia
Drones traficam informações
Nano inteligência
Macro ignorância
Torpe ciência
A estupidez reacionária prevalece
O sonho de dias melhores fenece
O Golpe traiçoeiro entorpece
A santa madre igreja emudece
A imprensa tacanha resplandece
O Estado burguês se apetece
O banqueiro bonachão agradece
A ordem é uma farsa
O progresso é um delírio
A elite gargalha zombando do povo
O povo zomba do povo
A liberdade é um ideal
A repressão é real
Um brinde à miséria,
Ao pauperismo,
Um brinde ao ódio
A máquina moedora de Estado
Tortura o trabalhador
Este monstro moderno embrutece,
Anula e aniquila toda e qualquer reflexão
A robótica é santificada
Em nome da majestosa mais valia
A violência é canonizada
A corrupção é inviolável
A luz da Razão apagada
A ordem é uma farsa
O progresso é um delírio
Estamos condenados ao cadafalso:
Eu, vocês, Marielles e Amaurildos
Lorcas e Rosas Luxemburgo
Estamos condenados à indigência,
À mendicância e à tortura
Nós e vocês
Índios, negros, quilombolas e LGBT’s
Condenados à alienação
Condenados à lobotomia
Facínoras riem como hienas
E aplaudem a decadência das massas
A ordem é uma farsa
O progresso é um delírio
Postulemos o Ensaio Geral Imediato
O que nós queremos?
O que você quer?
Uma Revolução Social
Ou uma revelação celestial?
Doravante, homens e mulheres
Em suas sãs consciências
Caminhemos para a glória do entendimento
Levantemos a bandeira da liberdade plena
E dos homens livres de outrora
É nosso dever exercer
Nosso triunfo real na História
Porque dela fazemos parte
E não queiramos ser mártires
Vivamos o santificado livre arbitrio
Rebentemos o ultraje do autoritarismo
Não sucumbamos aos cassetetes, às botinas,
Ao gás da incoerência e da covardia
Não sejamos manipulados
Pela toga, pelo bisturi e pela batina
Extirpemo-las de nossa vidas
A ordem é uma farsa
O progresso é um delírio
Que as leis sujas e suas insígnias
Não nos tornem vitimas do holocausto
Que prevaleça a consciência revolucionária
Viva a desobediência civil!
Eldem o MALABARISTA
Triste realidade em que vivemos…
Depois dessa leitura, também criei ódio contra isso tudo .
Mas é um ódio oposto a tudo que segue .