Um conto de Adriano B. Espíndola Santos
Adriano B. Espíndola Santos é natural de Fortaleza, Ceará. Autor dos livros Flor no caos (Desconcertos Editora, 2018) e Contículos de dores refratárias (Editora Penaluxm 2020). Colabora mensalmente com a Revista Samizdat. Tem textos publicados nas Revistas Acrobata, Berro, InComunidade, Lavoura, LiteraturaBr, Literatura & Fechadura, Mallarmargens, Mbenga, Mirada, Pixé, Ruído Manifesto, São Paulo Review e Vício Velho. Advogado humanista. Mestre em Direito. É dor e amor; e o que puder ser para se sentir vivo: o coração inquieto.
***
Uma carta sem bússola
Caríssima leitora,
[Perceba que, desde o começo, farei menções aos meus mestres, como agora o faço a Machado; e, ao longo desta carta de descarrego, haverá sugestões ou expressões explícitas de minha verve].
Hoje, sento-me nessa cadeira insípida, deselegante, com os braços apoiados na mesa igualmente alquebrada pelo tempo, para declarar o que sou como ser vivente, leitor e escritor – pois, como se vê, não há nenhum glamour em se declarar escritor, como alguns pensam.
Que tarefa inglória ou, melhor dizendo, desafiadora, para um ser sem importância.
Não tenho fórmulas; não tenho prumos para delimitar o quadrante de ser escritor.
A leitora pode estar ansiosa, esperando umas poucas verdades – ao sabor do vento; ao sabor do humor. O que tenho a oferecer é a minha experiência de burilador das palavras. Falo burilador porque as palavras, muitas, estão postas e, como artista que sou, vou catando uma aqui, uma ali, e montando um quebra-cabeças de ilusões – parece que já ouvi essa expressão, “quebra-cabeça de ilusões”; perdão ao autor pela paráfrase, mas é o jeito que achei e que melhor se encaixa à minha explicação.
Ouvi em algum lugar delatarem os escritores como falseadores, mentirosos ou ladrões de palavras. Acho exageração. Mentiroso ainda vai. Melhor seria adaptadores, porque, quando uma ideia vem, vêm também as experiências, as rumas de leituras e de fantasias que, de uma forma ou de outra, podem se adequar às minhas.
Pois bem, caríssima leitora, você que lê com atenção ou com curiosidade, espere um pouco mais, tenha paciência, pois vou despejando, aqui, minúsculas substâncias do que sinto. E, repare bem, hoje o dia está particularmente difícil – por isso a falta de elegância em pedir paciência.
Acho que, primeiro, poderia situar a leitora sobre a minha jornada e sobre a minha singela atmosfera: alojo-me num compartimento pequeno, que poderia se chamar sala de jantar, colado à cozinha, propriamente, à mesa de jantar, como dito, sem muitos brilhos – até penso que, qualquer dia, teria de procurar uma mesa substituta, ou serei despejado de meu lugar pela ruína.
Nessa fase que lhe escrevo, trabalho de forma remota; portanto, recebo, de meia em meia hora, reclamações de clientes; desinteligências e problemas, no mais das vezes, fúteis ou indigestos. E, para desafogar de tanta aflição, me entrego, por míseros minutos, à escrita, ao trabalho que, no meu posto oficial, julgam ser um hobby. Ou seja, a caríssima leitora deve entender, sou obrigado a lutar contra os demônios do capitalismo – mas isso deixarei para outra prosa; não vem ao caso, e você, tão atenta a essas elucubrações, merece repousar nas nuvens.
Voltando ao meu lugar: socorre-me, nesses dias cálidos, um ventilador avariado, que gira somente depois de cinco a dez minutos, com o animus de ter empurrada a hélice. Portanto, para não perder tempo, assim que acordo o ligo, aplico o indispensável solavanco e espero que tome vida. Passa o dia assim, rodando descompromissado, alheio às desventuras mundanas, enquanto estiver sentado à mesa. São, pelo menos, oito horas diárias, excetuando o sábado e o domingo, dias que tiro para me arejar nas leituras. Não que não leia com frequência, faço-o todos os dias, religiosamente; claro, sem mais exigências pessoais – já tenho do que me fartar –, pois que isto faz parte do deleite.
A minha visão de todos os dias santos, em cento e oitenta graus, é de uma geladeira que foi de minha mãe, em pleno funcionamento; micro-ondas, filtro de água, liquidificador; um troço bacana que inventaram e que facilita a vida, air fryer – aconselho fortemente, sem propaganda barata –; pia, torneira e móveis, num espaço de, aproximadamente, seis metros quadrados. A disposição, nada arrojada – porque não somos afeitos à moda –, guarda um quê de aconchego de vó.
Esse é, resumidamente, o meu lugar. Há alguns traços interessantes, bonitos até – como a passadeira de mesa em crochê, presente de minha avó –, que tornariam a história comprida e fugiria ainda mais do propósito da escrita – a leitora, resignada, pode ter percebido que, quando entro numa história, gosto de apurá-la. Deixemos, também, para uma nova prosa.
Após alimentar os gatos e os peixes, vou aos meus afazeres domésticos, um pouco zonzo – levo umas duas horas para pegar no tranco. Lavo as louças do outro dia. Preparo dois pães na chapa, com manteiga e queijo, para, assim, esperar o meu amor chegar; na verdade, dois amores, minha esposa e meu neném, que está se desenvolvendo fortemente em seu casulo, a barriga da mamãe.
Nesse ínterim, coloco o café no fogão e vou ligando o computador – que também tem seus humores; é caviloso, funciona quando quer. Algo orquestrado, não? Minha esposa diz que sou metódico. Talvez. Acho que os dias foram se conformando para que se projetassem assim, sem contar muito com a minha ingerência. Ou me acostumei a certas praxes, como um monge – sem nenhuma pretensão –, para que o trabalho fluísse.
Que meu chefe não saiba, mas paro alguns minutos, quiçá meia hora, para ler as notícias e me inteirar das barbaridades do dia. Tenho uma mania chata, confesso, de ficar pensando o que pode suceder na semana; se o presidente vai ser deposto pelas mãos do povo; se o ministro interino da saúde ainda vai ter a audácia de esconder os números da Covid-19; se esse maldito vírus poderia chegar às minhas barbas.
[Cara leitora, aqui uma observação: a divagação é própria do escritor, acho, para arrumar meios e desfechos para as histórias].
Então, sentado à mesa, com o meu café e o pão tostado a postos, mirando as notícias, começo a refletir. Para se ter uma ideia, esta semana fantasiei, ou não, a história de uma vendedora de loja, que retornou a contra gosto às suas atividades, em meio à pandemia, ainda em curva crescente. Pensei em como a moça de cara sisuda, clicada na foto postada no jornal, disposta na porta de uma loja, usando uma máscara negra – talvez em protesto –, estaria lidando com essa situação. Mandei o conto para uma revista importante. Li para a minha esposa, e ela disse que devia ter mandado a um concurso literário. Já eu pensei que boas e novas histórias sempre vêm.
…
Daqui, ouço o canto dos pássaros e me animo com isso, com a presença dos bichos. Meu gato, Sunshine, geralmente, queda de frente para mim, e eu me delicio com o seu sono tranquilo; aquece meu coração contemplar a pureza. Já o Crioulo – ou Bluemoon, como queira –, o outro gato, gosta de se esconder nos recônditos da casa, da pequena casa. Quando chega alguém, quando batem à porta, ele se enfia no móvel do banheiro, ou num espaço no sofá, que, por sinal, ótima lembrança me veio, passadas essas duas semanas críticas, preciso pedir ao seu Joãozinho faz-tudo para ajeitar. Dizem que os bichos puxam aos seus donos, ou vice-versa; tenho a prova viva em casa.
A leitora pode estar arrependida de ter entrado nessa história sem pé nem cabeça. Prometo não lhe cansar mais do que canso agora – a mim também está parecendo uma história um tanto repisada. Será que sou igual aos outros escritores? Imagino que não seja tão diferente. Talvez alguns guardem a magia ou o enlevo da profissão e jamais, em hipótese alguma, abririam o cofre de sua intimidade – dou como exemplo Manoel de Barros e Rubem Fonseca, completamente reclusos; e não os recrimino, pelo contrário, admiro-os imensamente. São divinais, agora ainda mais, por estarem nos céus.
Durante o dia, sem muitos sobressaltos, a não ser que seja perseguido por gravíssimas interferências e perturbações no trabalho secular, que me tiram do sério, e me tiram do eixo, vou conduzindo, arranjando brechas, o processo de escrita – esta prosa, inclusive, foi concebida assim.
Para tomar fôlego e ter ânimo, então, só a literatura. Busco algo que esvazie o peito. E, entre um aperreio e outro, desabafo no papel em branco. Minha esposa me alerta: “Isso não é lugar de fazer manifesto, de despejar a raiva; você pode ser descoberto. No meio dessa salada, alguém pode descobrir o que é real”. Mas ela não entende que o escritor possui o anonimato, o salvo-conduto, a licença poética que os mortais não têm – cara leitora, não pense que quis ser arrogante; a questão é que, como profissional livre (coloco-me como os pássaros, que passeiam pelas minhas manhãs), não posso ser atado a barreiras da consciência ou inconsciência. Essa é a maneira que se fez naturalmente, de questionar o mundo opressor em que vivo – em que vivemos.
Aqui vale um adendo à obra Desumanização, de Valter Hugo Mãe. Quando a li, há uns três anos, lembro-me de mergulhar tão profundamente na história, de me sensibilizar com as imagens que percorriam minha mente, que passei a confrontá-las com o meu mundo. É claro que os mundos são opostos, Brasil e Islândia, mas as imagens de depressão, de dor, se sobrepõem; ou se misturam. Sentem-se, respeitadas as proporções, o frio, o medo, a dor e a solidão. São emoções que, em alguma medida, sendo eu brasileiro, urbano, me fizeram conectar-me ao isolamento daquele povoado na Islândia.
Levado aos confins daquela terra inóspita, escassa de amor; perpassando os lugares com os quais nunca tive contato, percebi que o eu leitor e o eu escritor merecem e pedem a entrega. Ao fim, mesmo mexido, se tivesse dinheiro, teria pegado o primeiro voo à Islândia, mais especificamente à cratera de um vulcão ou à geleira Eyjafjallajökull – ainda que não seja esta retratada no livro, mas poderia representar o lugar –, e passaria longas horas parado, contemplando a imensidão.
Meu eu leitor me conduz a dissecar as obras do autor. É possível que a leitora já saiba disso, ou tenha passado pela experiência, mas não custa dizer: quando se é fisgado pela escrita de um autor, pelo arranjo único, especialmente pela poesia intrínseca – que, inclusive, tem a ver com o momento que o leitor está passando –, desponta uma compulsão por descobrir o que é a magia; que feitiço prendeu ou livrou o corpo leitor. Digo, segundo minhas vivências, que para o leitor escritor, além da entrega, há também o desejo por intuir o toque sutil, o amor derramado nas letras encadeadas, milimetricamente posicionadas para provocar.
As obras que mais me marcaram, nesses anos e anos de leitor, apresentam um componente em comum: a liberdade. Aí, retorno a figura do pássaro, quando fico quieto lendo minhas notícias, tomando meu café, ele lá saçarica, vai para onde quer, para onde bem entender, e volta se se sentir em casa; inspiro-me nessa liberdade. Como acontece comigo, desejo que o meu leitor possa enjoar de minhas palavras, se assim entender; ou instigado a pensar.
Cabe a mim oferecer ao leitor os meios para se envolver – pode haver, e é saudável, uma simbiose leitor e autor.
Já me aconteceu de abandonar, sem remorso, algumas leituras nos primeiros capítulos. Mas, hoje, igualmente sinto que devo me permitir e esperar a história engrenar – às vezes não engrena, paciência.
Nunca confiei em cartilha para a melhor leitura; a melhor leitura é melhor para mim e porque condiz com o momento. Não foi à toa que Lispector, Tchekhov, Nassar, Saramago, Machado e Mãe entraram em minha vida, por motivos diferentes. Entraram, claro, porque os procurei; porque recebi indicações, também. Mas estão aí, como tantos outros. Entre tantos e extraordinários, nos encontramos. Que sorte a minha; nesse mundo, nessa época. Logo, não deixaria escapar a alusão à célebre frase de Carl Sagan: “Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você”. Guardadas as devidas dimensões, porque nossas épocas não se conciliam, é de fato um enorme prazer o nosso encontro, mesmo remotamente; em espírito, o espírito das letras vivas.
O amor se deu pelas palavras; e as palavras, essas mesmas, me despertaram o amor pela escrita. E a leitora precisa saber de onde vim, pelo menos.
Vários autores falam da importância do seu lugar, como Tchekhov, Gabriel García Márquez e Carlos Vazconcelos – lembrando de um querido professor e escritor de minha terra. Assim, a minha escrita parte de minhas vivências, que espelham o mundo. O meu olhar é único – e, com isso, não me arvoro de sentimento superior, mas, quero declarar, somos e percebemos de maneiras particulares, eu e você.
Minha avó, em sua sapiência popular, dizia: “Nem nossos dedos são iguais”. E, com essa delicadeza, vejo que meus pensamentos, mesmo de um dia para o outro, vão se moldando ao crescimento, à capacidade humana de contemplação e de transmutação, por exemplo. Se hoje me sento para escrever um conto, amanhã, quando retomar a escrita, certamente me surgirão ideias – e, como de fato acontece, descartarei o que destoar de minhas atuais pretensões. Se pegar um escrito de 2015, posso sentir vergonha daquelas certezas de que vomitava. Há juízos com os quais não compactuo mais; daí, a maturidade, sem ser a dona da verdade, pelo menos é irmã do acúmulo de conhecimento.
A escrita me alça ao ardor transcendental. Abandono as atividades comezinhas, os aborrecimentos, as mecanicidades da vida moderna, para me entregar à fantasia, à superação do banal; ser os olhos dos que não veem. Preciso dizer à leitora que não há nenhuma ambição nisso. Desculpo-me a cada esquina de página para não parecer leviano ou pretensioso; jamais passou pela cabeça. Sou um operário das letras; um operário que encaixa peça sobre peça; refaz, desfaz, para apresentar uma obra minimamente acabada. E minha alma se extasia aí, na tentativa de dar algumas respostas baratas para os porquês da vida, oxalá; diminuir as dores de um dia irresistivelmente triste; ou atentar à reflexão indefinida; pensar, pensar.
Estou cada vez mais convencido de que o artista não vem para pacificar; isso está para os sacerdotes, os santos – que nem mesmo eles conseguiram. O poeta nasce ardendo para divergir, desregular, contrariar, contrafazer. O poeta, não precisaria dizer, é substância das minúcias da natureza; nem os pequenos grãos são iguais. O poeta é a materialização ou a espiritualização da diversidade, da complexidade, da deflagração. “Sons, palavras, são navalhas, e eu não posso cantar como convém, sem querer ferir ninguém”, do poeta latino-americano.
Enquanto me permitem, vou dizendo o que acho, pertinente ou impertinente, mesmo que não seja doce ou palatável. Se conseguir tocar na ferida, melhor ainda. Um dia desses, Paulo Assis, um amigo de infância, me pediu para me desligar da política, porque, segundo ele, estando eu em tratamento contra a depressão, aquilo poderia comprometer a minha cura. Agradeci, sou educado. Depois, procurei desfazer – com cuidado, porque gosto desse meu chegado –, que não há a menor possibilidade de se desligar da política; somos a política, nossos atos são políticos. E, em seguida, quando parecia entender – pelo menos acompanhava abismado no olhar –, falei que sentia muito em contrariá-lo; que a cura para esse mal do século ainda não existe; há tratamento, controle, qualidade de vida, bem-estar. Passamos alguns segundos mudos, olhando para o nada; porque também Paulo Assis sofre do mesmo mal – ainda que não queira dizer; ainda que, supostamente, não seja diagnosticado. Não houve questionamentos; retomamos o palavreado com outros assuntos. Entendo que Paulo Assis tem suas estratégias de fuga; não quis espezinhá-lo. Abandonamos aquela conversa porque, para mim, não havia o menor sentido continuar; pelo menos naquele dia, em que o desgoverno fechava os olhos para os sequenciados vazamentos de conversas do então superministro da justiça e para o estreito envolvimento dos rebentos com as milícias.
Nem sei bem por que descambei na política. Até sei, como dito, sendo ser político; mas voltemos à literatura.
Pensando em minha pulsante verve de escritor leitor, digo que são almas que compõem o mesmo corpo. Reconheço-me menino, talvez aos dez, onze anos de idade, brincando de escrever. Não sei se isso acontece a todo escritor; não me lembro de algum ou alguma ter mencionado isso, mas o encantamento pelas letras me puxou para a escrita. Quando descobri ser possível ler os letreiros, as propagandas espalhadas pela cidade, igualmente percebi o dom de escrever. Portanto, como a leitora pôde conceber, fui adentrando, quase que sorrateiramente, na escrita. Claro, ela sim me chamou. Às vezes não se encontra fácil uma forma para desatar o nó da garganta; não se consegue dizer em meio ao turbilhão de acontecimentos – sim, crianças podem padecer das incompletudes dos que se dizem maduros –, e a solução mais plausível é despejar no papel nem que seja um rabisco.
Lembro bem de um episódio, que pode ter passado despercebido para minha mãe, em que ela pegava em minha mão me ensinando as letras da palavra pão. Recordo-me, também, que nessa hora me deu uma fome; senti o cheiro de pão quentinho, que volta e meia tinha em casa, na hora da merenda, e desatei a falar: “Mãe, eu queria mesmo era comer pão”. Ela riu da ingenuidade e da espontaneidade, e entendeu que a tarefa não seria concluída se não me arranjasse uma lasquinha de pão. Foi à cozinha, preparou um lanche, com um pãozinho esquentado na frigideira, com queijo e manteiga, e trouxe com o suco de maracujá: uma combinação perfeita, que até hoje me socorre nos momentos de aflição. Após o lanche, para agradecer o regalo de amor, consegui imprimir as letras no papel; ainda emendei com o desenho de um pão, um copo de suco e um coração contornando, para mostrar o meu amor.
A escrita, como as coisas boas da vida, se faz por amor, ainda que carregada de dor, em alguns momentos. Não se escreve para se penitenciar, ou com medo de ser condenado, por isso ou aquilo dito. Escrever, sendo um ato de amor e um ato político, decerto, carrega o peito de desejo de redenção. Sendo lido – uma dádiva –, fica-se embriagado de prazer, sobretudo quando o outro se sentiu tocado por sua escrita, pelo sentido.
Este ano escrevi um livro de contos sobre as nossas dores; as dores que não se entregam. Não conseguiria dimensionar nestas poucas linhas o quanto me arrebataram as palavras de um crítico literário, que percebeu as miudezas; ou de uma leitora que, no auge da empolgação viva, afirmou que a obra seria digna de prêmio. Fiquei lisonjeado, agraciado já pelo prêmio da leitura, de saber que a leitora gostou do meu livro; o prêmio em si é uma perspectiva à qual não me apego, não espero como se fosse a pedra fundamental da minha arte. A arte está; se puderem apreender, se reconhecerem algo de bom, já me dou por satisfeito.
Parei pensativo, dias atrás, num fôlego para recuperar a consciência; com os meus picos de ansiedade. Não me reconhecia em mim; não reconhecia o caminho percorrido, só via a dúvida do amanhã. Era um barco à vela, à deriva; sem bússola.
Não tive tempo de pensar mais em incertezas, quando a minha esposa me agarrou num abraço completo e disse que me amava, que continuasse a escrever; que tudo ficaria bem. Ela, sim, sabe me socorrer e me amar.
curso de crochê
Excelente artigo parabéns. voltarei mais vezes no seu site. ??
Se quiser saber mais sobre a plataforma. clique no nome “curso de crochê avançado”