Um manifesto de Leona Jhovs
Leona Jhovs, paulistana, mulher transfeminista, atriz, cantora, diretora, roteirista, performer. Acredita que a arte serve para nos conectar com o nosso tempo e assim questionar e desconstruir na mesma medida. Identifica no outro uma grande ferramenta de atravessamento e reflexão. Pensa que a alma é imoral e que entendendo isso o ser humano transgride para sua excelência. Há 7 anos profissionalmente se identifica como uma A(R)TIVISTA.
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É sobre AFETO.
Afeto vem de afetar. Em um mundo como o de hoje, se temos carinho, atenção, escuta, olhar, beijo, abraço, AFETO, temos muito. Temos energia, temos força, temos acolhida. E a anos venho falando sobre a REDE DE AFETO. Falo dela pois faço parte de uma população que nos é negado AFETO desde que nos entendemos enquanto o que somos. Nós pessoas TRANSVESTIGENERES somos excluides de todas as camadas, e a começar nos negam AFETO.
Só que vou te contar uma coisa, estamos criando e construindo a nossa própria rede. Identificamos que reproduzíamos a cruel rede de desafeto idealizada pelo sistema patriarcal e machista, principalmente pra nós mulheres. E á partir desse percebimento combatemos isso agora com nossas formas de atravessamentos. Estamos mais juntes do que nunca. Vibrando e pertencendo às boas vivências dos nossos. Identificamos que juntes somos mais fortes. Percebemos que quando um esta forte, todes podemos estar junto e se aquele caiu a gente chega como alicerce.
Sou grata e feliz por ser e estar nesse fluxo.
A dias estive em movimento com o teatro que é uma das minhas principais armas de luta, mas também de revigorar, curar, existir, resistir e COEXISTIR. Na platéia enxerguei e fui alimentada a todo o momento por pessoas queridas e o melhor de tudo, pelas minhas. E ali, juntas, transbordamos afetos, transbordamos ligações, transbordamos umas as outras. Estamos ligadas por nossa TRANSCESTRALIDADE.
A Revolução é evoluir, evolução é transgredir, Transgressão é aceitação. Aceite! POR QUE AGORA QUE SÃO ELAS.
(Fotografia: Fabio Audi)