Um poema de Regiane Folter
“Me chamo Regiane Folter, tenho 28 anos e sou natural de São Paulo. Há seis anos vivo em Montevidéu, no Uruguai. Me formei em jornalismo e desde então trabalho com comunicação, principalmente produção de conteúdo e marketing. Tenho uma página no Medium, na qual publico periodicamente desde 2017, além de escrever para portais no Brasil, nos Estados Unidos e no Uruguai. Atualmente estou lançando meu primeiro ebook de histórias curtas, AmoreZ, pela Amazon e com a editora Cartola publicarei junto com outros autores a duologia de ficção científica Alma Artificial.”
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Perdi o controle. E agora?
Pânico.
Me pergunto como,
Desesperadamente,
Como,
À beira das lágrimas,
Como,
Faço pra voltar?
Pra sentar atrás do volante
De novo?
Para dar as cartas
Uma vez mais?
Porque gosto de controlar.
Não tudo, tudo…
Não tenho pretensão de dominar o mundo.
Gosto de ter controle sobre minha vida,
Minhas escolhas,
Meus caminhos,
Meu corpo.
Só que também gosto muito de
Querer bem.
De estar acompanhada,
Dar e receber amor.
E nessa colisão com o outro,
O controle escapa.
Porque 1 + 1 = 2
E 2 já é um número que não posso controlar.
Não consigo controlar o que está além de mim.
Não posso evitar que Fulano fique doente.
Nem que Sicrano passe por momentos ruins.
Muito menos controlar o que acontece na vida de Beltrano.
Lástima.
Queria poder.
Não para que fizessem tudo o que eu quero,
Ou que só tomassem as decisões que eu julgo corretas.
Queria ter controle para ajudá-los.
Para afastar o sofrimento.
Para curar suas feridas.
Para fazê-los ver o fantástico que são.
Meio megalomaníaco, não?
Se eu não consigo por ordem
Nem na minha vida,
Como espero controlar outras existências?
Talvez eu tenha complexo de dominadora global afinal de contas.
Mas juro que tenho bom coração.
Enfim, me resigno.
Perdi o controle.
Choro, sofro, me descabelo,
Um pouquinho.
Mas tudo que está perdido
Pode ser encontrado.
Então lembro
Que sou capaz de controlar
O que penso,
O que sinto,
Como decido encarar uma situação.
E por mais difícil que pareça,
É esse o controle que preciso exercitar.
Porque além de ser o único controle real
É também o que traz maior benefício.
Então respiro fundo
E decido
Enfocar-me no que é bom,
Afastar os sentimentos negativos,
Trabalhar a ansiedade,
Deixar a paz entrar.
E é assim,
Controlando quem decido ser,
Que posso estar
Para aqueles que não controlo,
Meus anti-marionetes,
Que de mim somente precisam
Um ombro amigo,
Uma taça de vinho,
Algumas piadas sem graça,
E a mais infinita compaixão.