Um poema de Sandra Modesto
Sandra Modesto é mineira de Ituiutaba. 58 anos. Casada. Mãe da Carla e do Gabriel. Graduada em Letras e Pós-graduada em Educação, ambos os cursos pela FEI (Fundação Educacional de Ituiutaba). É autora dos livros “Acenda a luz” (prosa poética, editora Kazuá, 2015) e “Tudo em mim é prosa e rima” (Autografia, 2019). Tem textos publicados na revista digital Literalivre e na revista Philos, sendo nessa última uma “Releitura da obra de Chico Buarque”. Criadora do “PETISCOS DE DOMINGO” – Textos autorais escritos aos domingos no facebook, seguindo a temática literária com sabor da leitura. É membro do “Mulherio das letras” desde desde abril de 2019 e Cronista no site Crônica do dia. Está preparando o terceiro livro.
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À ALMA
Minha alma tem jeito e corpo de mulher
Costuma arranhar as paredes rabiscando alguns desenhos sem fim
Tem costas largas pra suportar a dor surrada vida a fora
Minha alma tem cheiro e olhar de mulher
Anda seguindo meus sonhos
Atreve-se a cuidar dos meus pesadelos
Grita, sussurra, canta, geme.
Treme quando vem o amanhecer
Gosta de me acalmar, mas às vezes me esquece.
Minha alma tem pele e pelo que se arrepiam ao meio dia
Que me faz acordar em meio a tantos goles de cafés amargos
De cigarros tragados à meia noite
Bagunça minha cama até vazia
Estoura-me com lembranças essa minha alma
Balança numa gana intempestiva
Convida-me a atravessar os meus porquês
Dizendo que o passado é o presente
Embrulha – me feito agulha
Destrói meu caminhar no desafio
Canta na sala e toca piano e bate o pandeiro deixando no meu travesseiro um ser qualquer
A minha alma sabe que o homem ao lado quer me comer
Descobre que o assédio, o estupro, o mundo estúpido
Precisam urgente de denúncias
Ah, minha alma não é só minha.
Tem força e raça
E é nossa!