Um poema e seis colagens de Mônica Valéria Iaromila
Mônica Valéria Iaromila trabalha com Arteterapia desde 2005 e como terapeuta (grupos e individual) desde 2008. Co-coordena o Têmenos Arteterapia – Formação Profissional em Arteterapia. Coordena o Bharani – Arte, terapias e vida. Co-coordena o Bahati – Terapias e Autoconhecimento. E vem tentando viver a vida como obra de arte desde sempre. É Arteterapeuta (AARJ-213); Terapeuta Corporal em Análise Psico-Orgânica; Facilitadora SoulCollage®; Mestre em Reiki. Possui bacharelado, licenciatura e mestrado em História pela UERJ.
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Sobre o processo
“Há muito tempo sou colecionadora de imagens, desde muito pequena. E fui seguindo assim, amando juntar imagens. Fiz alguns caminhos até chegar a ser terapeuta… Nos anos 2000, estudei Escrita de Si, que me aprofundou em caminhos internos. E depois de caminhos e descaminhos, comecei a fazer arteterapia. E fez todo sentido ter tantas imagens nos meus alfarrábios. O processo com colagens é simplesmente juntar pedaços que para mim fazem sentido e vertem significados. Há pedaços de fotografias minhas, de outrem, fotografias de obras de arte – o tema vai se fazendo no juntar. É simples e curativo para mim.
Passamos a vida aprendendo a Ser e Viver nossa Essência. Vivenciar o presente plenamente é o nosso desafio. Temos a oportunidade diária de Renovação, uma de nossas dádivas. Ser é o que basta, viver na Presença, construindo um relacionar-se baseado nessa premissa. Os encontros possibilitam entrega, confiança e o compartilhar – embora sejamos autossuficientes, somos seres relacionais. Quebrar as ilusões que nos separam do todo parte de uma crua compreensão que somos sós, mas somos Um. Tenho esperança na construção de um mundo mais equânime, no qual todas e todos possam estar bem consigo mesmas(os), bem nas suas peles. É um bom combate, feito através do afeto, da veracidade e dos saberes que me perpassam.
‘Diante da água profunda, escolhes tua visão; podes ver à vontade o fundo imóvel ou a corrente, a margem ou o infinito; tens o direito ambíguo de ver e de não ver; tens o direito de viver com o barqueiro ou com uma nova raça de fadas laboriosas, dotadas de um gosto perfeito, magníficas e minuciosas. A fada das águas, guardiã da miragem, detém em sua mão todos os pássaros do céu. Uma poça contém o universo. Um instante de sonho contém uma alma inteira. (…) O passado de nossa alma é uma água profunda‘ (Gaston Bachelard).”
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Alafia
No silêncio de minha carne
Suas vozes soam vento
As dores e sabores de suas vidas
São ondas que tocam nas minhas veias
Seus caminhos e descaminhos
Fazem passos no meu sangue
Honro-os em sua luz com o meu luzir
E afirmo que estamos todos em jornada
Cada qual em seu tempo e dimensão
Hoje, neste instante sagrado do agora,
No qual meu coração bate forte no ritmo que sei
Eu sou a razão para seu nascimento
E nós nos conhecemos
Agradeço porque me trouxeram até aqui
Deixo ir, em gratidão,
Todo fardo que não preciso carregar
E afirmo que tive coragem de atar elos sãos
E desatar correntes malsãs
Sigo com vocês em mim e vejo-os no meu filho
Na justa medida da alegria de viver
Sorvo o saber que vocês me legaram
E na música de minha vida, há vários sons que são seus.
Ancestres – Mãe-Pai-Avós-Avôs.
No meu voo, sim, eu tenho asas…
A brisa suave do Criador acaricia as nossas faces
E eu Existo aqui
Alafia. Está Completo. Alafia. Está Inteiro.
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