Um texto de LUMANZIN
LUMANZIN: “entender que sou arte e vário; um mantra diário | linguagens : principalmente aquelas que dizem respeito à internet /aka : quase todas | cantora, compositora, videologista e palavras | autoprodução.”
O texto abaixo faz parte de um projeto multimedia que se chama “quarentena”. O álbum (http://tiny.cc/quarentena_spotify) foi lançado em agosto de 2019 e, em 2020, está marcado o lançamento do curta-metragem, dos textos e de uma exposição com os materiais visuais. O projeto nasce de um aborto e continua num processo de isolamento e autocura. Sentimentos como culpa, compreensão do tempo e aceitação são os mais presentes: “Esse texto especificamente é como se fosse um dedo na cara do pau que me engravida, mas me deixa.”
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_das exposições__da solidão__da Sua curiosidade e preocupação que não passam de um discurso razo e ensaiado_
Isto É Assunto Meu : e x c l u s i v a m e n t e
é meu porque cai em mim o peso. meu corpo. meu sagrado. arrancado do meu chákra do | Eu Sou | e o seu segue intacto
_inclusive reafirmado, já que gozou e goza e goza e goza e goza e é só isso que o seu faz_
o meu sente. eu sinto. Eu sinto.
você não sentiu.
você não vai sentir.
o peso cai em mim, repito.
você segue intacto. /sepermitomeperconaideiadequevocénuncameamou.eunosaborteiesóeusenti.
só eu ando sentindo. só eu estou doente há mais de um mês, chorando pelos nove cantos do mundo, com dor nas costas, engasgada com os acontecimentos recentes e você segue intacto. e isso não é insensibilidade tua, é da tua natureza.
mAs nÃo tem porque eu ficAr com rAivA. tenho que cuidAr de mim. me juntAr com As minhAs.
no meu exilio _que apesar de aparecer nas noites e nas manhãs de olhos incomodados pela luz_ que dura tempo suficiente, só conseguia pensar nas irmãs.
_colo_só_tem_a_mulher_
colo do peito, onde mora o coração e os sentimentos. de onde sai o leite que alimenta.
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ninguém entende um aborto. nem AquelA que aborta.
me poupe de palavras de força, eu já sei.
me poupe de palavras no geral,
mas me banhe de carinho.
me banhe de mulheres porque ser o que somos é solitário se não nos temos.
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e pra você, rosto que acompanha memorias corrompidas, o qual massageei em delírios num processo de auto-cura e auto-perdão por ter des-amado por momentos breves e confusos,
morra com a sua insensibilidade.
ou aprenda dela.