Um trecho de romance de Victor Angels
Victor Angels é escritor, graduado em Marketing, licenciado em Artes Cênicas e publicitário. Pratica cooper quando tem tempo e costuma fotografar quando precisa esquecer seus problemas. É autor dos livros Mundo dos Sonhos – O Ferreiro e a Cartola (vencedor do II Prêmio Mato Grosso de Literatura na categoria infanto-juvenil); O Alquimista Imortal e o Perfume da Princesa; Fada Demônio.
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Prólogo inicial – O Alquimista Imortal e o Perfume da Princesa
Era mais um fim de tarde. As ilhas Cayman eram o o refúgio perfeito para Trixie, pois ali ele afastava os governos impedindo-os de fazerem perguntas demais. Perguntas aquelas que poderiam fazer com que o alquimista viesse a perder a paciência e desse início a uma possível guerra mundial. E se alguma guerra estourasse graças às ambições de Trixie, certamente o Obelisco não iria poupá-lo daquela vez.
Trixie permanecia em pé, de frente para uma gigantesca parede de vidro no interior da luxuosa suíte de sua mansão nas Ilhas Cayman. O ambiente externo não era paradisíaco, mas sim uma paisagem sem vida e hedionda. Não existia grama ali naquele chão barrento, de terra preta. Em todo aquele terreno externo, apenas uma gigantesca arvore, com o tronco e os galhos ressecados, sem folhas e sem vida permanecia firme aos fundos. Mais adiante, logo depois daquela árvore, se estendia um extenso campo de terra fofa.
O pôr-do-sol era o único ornamento natural que enfeitava a paisagem externa da mansão. O intenso brilho amarelo do crepúsculo, que transpassava pelos vidros da parede, chocava-se aos olhos azuis translúcidos de Trixie, que refletiam nitidamente a paisagem do entardecer. Os longos cabelos negros do alquimista estavam soltos, repartindo-se ao meio, e se escorrendo até o final de seu pescoço caucasiano. Trixie vestia-se com uma calça social preta presa a um cinto em uma camiseta cinza, de mangas longas, feita em algodão, que não omitia a intensidade muscular de seus bíceps por baixo de tal vestimenta. Ele segurava uma taça de cristal em mãos e permanecia ao lado de uma pequena mesa onde sobre ela havia uma jarra de gelo e uma garrafa do mesmo vinho que se continha na taça do alquimista. Apos afastar seus lábios rosados daquela taça, logo que saboreou o líquido, Trixie ouviu o barulho da fechadura porta de sua suíte ranger por trás dele. Não existia nada naquela suite à não ser uma imensa cama de luxo ao centro, alem de uma porta que ligava o quarto ao banheiro e aquela mesinha onde estava o vinho em companhia da, até então, solitária presença de Trixie. Sem olhar para trás, o alquimista perguntou:
– É você, Dana?
Uma linda jovem, de olhos cor-de-mel, cabelos castanhos escuros, trajando uma luxuosa vestimenta britânica com sobretudo – apesar do calor -, uma saia preta, um par de meias calças sob um par de sandálias pretas, se apresentou ali. O cabelo daquela jovem estava amarrado para cima. Ela parecia estar na casa dos trinta anos de idade. Seu rosto era aparentemente tão frágil e tão inofensivo como o de uma boneca de porcelana, que parecia que poderia se quebrar à qualquer toque, por mais inofensivo que fosse. Ela tinha a pele tão caucasiana quanto a pele de seu senhor. A jovem permaneceu parada, próxima à porta por onde acabara de entrar. O olhar perdidamente apaixonado de Dana em direção à Trixie, não escondia a visível veneração que ela sentia por aquele homem.
– Senhor – Dana falou, mantendo sua atenção direcionada para Trixie, que ainda permanecia de costas para ela, tocava os lábios uma vez mais em sua taça de cristal -, Euripido já está aqui. É hora do reencontro…