Uma resenha de Sílvia Schmidt
“Comoção”, de autoria de Sílvia Schmidt, é mais uma da série de resenhas da Livraria do Mulherio, em que autoras cadastradas resenham as obras umas das outras. Dessa vez, o livro resenhado é Canção da Liberdade de Jade Rainho.
Sílvia Schmidt é natural de São Paulo, morou no Nordeste e Sul do Brasil, saindo de Florianópolis em 2000 em voos mais ousados para Inglaterra e EUA, com o objetivo de estudar o idioma inglês. Formou-se em Letras em Lorena-SP. Especialização em Comunicação e Semiótica na PUC/SP, Sociologia e Política/ USP, e Ontopsicologia em SC. Por 16 anos ministrou aulas de Literatura Brasileira. Como copartícipe, desenvolveu vários projetos na área da Arte- Educação, entre eles o Projeto ESCOLA VOCACIONAL LIVRE. Em 2014 cria a editora para livros eletrônicos, a Símbol@Digital, quando lança seu romance de estreia, Duty Free (2000), em formato epub, durante residência artística na CASA DO SOL, em Campinas, no IHH (Instituto Hilda Hilst). Contato: silviaschmidtt@gmail.com.
Facebook: https://www.facebook.com/silviaschmidtt/. Portfólio: https://sway.office.com/ZqUDk5w4VyTmf7NR.
Jade Rainho (Tucuruí, PA, 1985) é poeta, pesquisadora cultural, documentarista audiovisual, educadora e ativista pelos direitos humanos e da natureza. Coloca seus dons em movimento para servir à transformação amorosa da consciência humana e à preservação e defesa das culturas indígenas. Autora do livro Canção da Liberdade (2017), alguns de seus poemas concorreram a prêmios no Brasil e seu documentário de estreia, Flor Brilhante e as cicatrizes da pedra, foi exibido em 21 países e premiado no Brasil, Bolívia, Peru e México.
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Comoção
Foi de comoção minha experiência após ler Canção da Liberdade de Jade Rainho – moça linda que conheci em seus e meus tantos caminhos nas estradas da existência. Em uma manhã de domingo, dia de feira – na pequena vila de Caeté Açu no Parque Nacional da Chapada Diamantina-BA – ano de 2014-15. Foi uma conexão imediata. E depois na Festa Literária de Paraty, ano em que as mulheres em autopublicações tornaram este evento um dos mais impactantes e inclusivos – a festa como festa na FLIP 2017.
Jade ave transformando vida em versos ousados [a fuga do centro do conforto] ao mirar novos lares e universos [a transformar e transmutar-se] em canção em ritmo em criativas janelas.
Quando da primeira leitura o sentimento foi tal que precisei parar de ler este livro de poder – meus olhos eram apenas lágrimas em cascatas – o que deveríamos ser.
Cascatas rios riachos e flores aves e afetos em versos encaixados encadeados ritmos das canções d’almas- pachamamas – peregrinas e viandeiras. Elaborados em sua visualidade em espaços também livres na folha de papel pólen bold 90G – folhas que a escolheram e escolhidas foram por suas mão de poeta: “Um livro Mágico feito de aprendizados” como ela mesma nos lembra em sua contracapa – ela uma – andorinha dourada- “abrigando entre as asas pedaços do céu”.
Agora em minha segunda e completa leitura – neste final de beleza pungente – eu sucumbi novamente a esta comoção, a esta voz plena em pausas em explosão.
Coube-me neste universo nestes cantos os mundos aos quais ela generosamente nos transporta:
Vêneto, Itália verão de 2009
Cuyabá outubro de 2010
Ponta da Liberdade, Algarve Portugal
Porto Alegre
Penápolis
Budapeste
Largo Santa Cecília, centro São Paulo
Ligúria, Itália
Caeté Açu verão de 2015 [aqui nosso tempo e nosso espaço de encontro]
Nestes lugares o seu tempo-espaço de vida [a física quântica nele inscrito]
“na impulsão original
inaugura a nova física
ilumina os mistérios
do cosmos”
Jade Rainho um pássaro de asas quebradas sua alma sua palma porque acrescenta na forma no sentido nesta amplitude impensável em um livro pocket – imensidões e potências reavivadas em significados. E a janela então seus braços abertos sua inteligência concreta [trabalho com o sentido visual- significante- a parte material do signo linguístico] em
] ] ] ] ] ] ] ] ] ] abro a janela [ [ [ [ [ [ [ [ [ [
Assim como em O APRENDIZ DE SIGNIFICAÇÕES
OU PALAVRAS REGADAS AO VENTO
Para Manoel de Barros
Livro síntese Canção da Liberdade versos universais abertos para o Amor
“Amor maior que mentira de pescador” que síntese essa- que síntese- neste vasto repertório metalinguístico [espanhol inglês tupi guarani grego italiano] enfim poiésis no sentido platônico [“ poiésis expressa o sentido geral do verbo poiéo, que significa produção, fabricação, criação.
Livre e leve como uma pena- presente na obra.
Gratidão [somente para os que entendem]
Por Sílvia Schmidt, escritora, editora, poeta
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Referência: http://topicosespeciaispoetica.blogspot.com.br/2011/08/o-conceito-grego-de-arte-mimesis-techne.html