Vinte haicais de Karlos Chapul
Filhote da poesia marginal (anos 60/70/80), Karlos Chapul nasceu em 1959. Sempre publicou de forma independente.
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sonhos não
envelhecem
ponteiros avançam
sonhos crescem
*
não há nada
a se buscar
o caminho
da caminhada
é caminhar
*
sou da paz
se acender
o cachimbo
quero é mais
*
chuang tzu
sonhou-se borboleta
mas não jogou
no bicho
*
do alto
da minha vista
o melhor ponto
de vida
é panteísta
*
sócio do ócio
nego qualquer
negócio
*
na própria
sombra pisando
na própria pegada
nada
*
reouvindo joão
no mínimo o mínimo
é muito som
*
a vida bate forte
é procurar sul
sem norte
*
se o poeta desencanta
a blusa da falsa musa
diz que é fanta
*
nem velha nem nova
sem bossa
nenhum violão
me aprova
*
réveillon na estrada
ano fazendo curva
com a madrugada
*
chuva chorosa
o cravo brigou
com a rosa
*
luz no caminho
santiago de compostela
é meu vizinho
*
evoé baco !
basta uma taça
também sou do balacobaco
*
nada de vergonha
se a cara da cegonha
for sem vergonha
*
curvas de ondas
sonoridade barroca
sino de conchas
*
navega o cisne
cisnes não navegam
cisnes se entregam
*
olha que bacana
no caldo de cana
abelha africana
*
borboletas em bando
entre elas também
saio
voando