20º CINEMATO: Coroando nossos talentos – Por Aline Wendpap
Na coluna mensal “Sonora”, Aline Wendpap escreve sobre cinema e audiovisual, dedicando-se principalmente a tessitura de textos críticos, com ênfase na produção mato-grossense, nacional ou ainda latino-americana. O título da coluna visa brincar com a palavra, que tanto é ruído, quanto pode ser uma conversa ou um som bacana. Não deixa de ser uma homenagem ao som, característica vigorosa do cinema, além de se parecer foneticamente com Serena, nome de sua bebê.
Aline Wendpap é cuiabana “de tchapa e cruz”, nascida em 1983. Primeira Doutora em Estudos de Cultura Contemporânea pelo PPGECCO da UFMT, Mestre em Educação pela mesma Universidade, Bacharel em Comunicação Social – Habilitação: Radialismo (UFMT), integrou o Parágrafo Cerrado, coletivo dedicado a leituras de cenas de espetáculos. É autora do livro A Televisão sob olhar das crianças cuiabanas (2008, EdUFMT).
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Desde abril passado, quando por vários motivos não publiquei o texto mensal desta coluna, tenho pensando em sobre o que escrever. Porque, graças a um conjunto salutar de fatores, o audiovisual mato-grossense tem-se expandido em proporções geométricas. Isso tem feito com que a lista de opções fílmicas a serem analisadas, se torne cada vez mais ampla, diversa e complexa, tanto no que se refere a quantidade de produções, quanto no que diz respeito aos aspectos técnicos e ainda a profundidade de seus temas.
Neste contexto, o mês de maio, que ora se encerra, abrigou em seus dias – de 10 a 21 – a 20ª edição do Cinemato (Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá). Capitaneado, como sempre, pelo cineasta e pesquisador Luis Borges, que comemora a ampliação da participação dos realizadores mato-grossenses no Festival, dizendo que: “(…) esse é um momento de coroar os nossos talentos”. Afirmação com a qual concordo plenamente.
A realização do 20º Cinemato, em um momento (político, econômico e social) como este, representa não apenas a volta do mais importante e significativo Festival de Cinema e Audiovisual do estado, mas um ato de resistência de toda uma classe que se encontra pressionada e despreterida, principalmente pelo Governo Federal. Me refiro aqui a todo o segmento artístico-cultural, que, como vimos, no decorrer do 20º Cinemato, se faz necessário para a realização e sucesso de um Festival como este, mesmo em formato virtual. São inúmeros profissionais, técnicos, artistas, pesquisadores, estudantes, cinéfilos e apreciadores em geral, que contribuem para a disseminação da cultura audiovisual, bem como para o fortalecimento econômico do setor.
Foram muito os filmes exibidos nas mostras competitivas. E, o Mato Grosso teve janelas exclusivas para a sua produção, o que deve ser comemorado, assim como o requinte e a qualidade técnica, que extrapola o estigma de tempos passados, quando a produção local era muitas vezes vista como inferior. Tanto isso é verdade que os dois longas premiados como melhores filmes são mato-grossenses. Luciene de Juliana Curvo, eleito o melhor longa-metragem pelo júri oficial e Loop de Bruno Bini, condecorado pelo júri popular. Como agora tenho uma vastidão de filmes sobre os quais escrever farei isso nos próximos textos desta coluna, este texto segue sendo minha reflexão e coroação sobre este Festival, que merece ser coroado e reverenciado. Vida longa ao CINEMATO!