Águas que balançam – Um poema de Jp Santsil
Na coluna “Escritos do ontem, agora e amanhã”, Jp Santsil escreve contos, crônicas, poemas e relatos do cotidiano e da natureza, repletos de sensibilidade, compaixão, espiritualidade, inteligência prática, relações humanas, autoestima, cura, ativismo ecológico e educação sustentável. Os escritos que embasam essa coluna, se sustentam pelo tripé de três palavras-chaves: SABEDORIA, UNIÃO, VIVÊNCIA. A coluna é quinzenal e vai ao ar sempre às quartas-feiras.
Jp Santsil nasceu em Salvador, capital do Estado da Bahia, tendo se dedicado mais da metade de sua vida a projetos de ativismo social, educacional, cultural e ecológico com crianças e jovens em estado de risco e extrema pobreza nas favelas e comunidades carentes do Brasil e Ecuador. Atualmente vive e é cidadão do Estado de Israel, oriente médio asiático, onde se dedica a projetos ecologicamente sustentáveis, e em particular, numa mesinha de sua casa em sua espiritualidade tenta criar um mundo novo mais ou menos perfeito em sua paixão por escrita e amor a literatura.
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Águas que balançam
Cada dia que passa morre em mim uma paixão
Passo cegamente nos dias que se vão
Onde está o dia bom, senão, no passado
Pois, os dias que agora passo me atropelam de cansaço
Não vemos mais o dia, a sua beleza do fardo trabalho se esconde
Ele só é belo nas brincadeiras… no namoro… nos passeios nas pradarias e no caminhar nos montes
Tenho lembranças tão lindas repletas de nostalgia
Não sei de onde vem… de algum lugar no além, de algum tempo… talvez algum dia:
Uma casinha arrodeada de árvores, com ervas medicinais plantadas nas suas paredes laterais, e pés de rosas nas canteiras das portas
Em sua entrada uma porteira de arame farpado arriada, presa a uma cerca verde de Bougainvillea Primaveras rosas
Um quadro que me veio em minha mente… de uma vida passada… ou uma imagem simplesmente…
Vou e venho eternamente
Venho e vou permanente
Indo e vindo constantemente
Dentro e fora repetidamente
…o tempo é massa de moldar nas mãos do hábil escultor
Maleável tempo se adaptando a cada lugar e era que vou
Já não sou mais emotivo com o tempo, parei de buscar a emoção de cada dia… a emoção é uma lembrança de criança:
De ver a moça com balde de água na cabeça, no equilíbrio de andar sem mão… com águas a respingar em suas tranças, e gostas cadentes, latentes, a molhar o chão.